Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia lança drones em Kiev uma semana após maior ataque com mísseis na Ucrânia

Ao menos 4 pessoas morreram em bombardeio a prédio na capital, e ucranianos acusam Irã de fornecer armas para Moscou

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Kiev | Reuters e AFP

A Rússia voltou a bombardear cidades na Ucrânia no início desta segunda-feira (17), uma semana depois do maior ataque a alvos civis desde o início da guerra. Ao menos três regiões do país foram atingidas: Kiev, Dnipropetrovsk (centro-leste) e Sumi (nordeste).

Na capital, o bombardeio a um prédio residencial matou quatro pessoas, uma delas uma mulher grávida de seis meses, segundo autoridades locais. Durante a manhã, era possível avistar fumaça preta saindo das janelas enquanto socorristas tentavam apagar as chamas.

O Ministério do Interior ucraniano afirmou que as outras localidades atingidas também registraram mortes, mas não detalhou números.

Bombeiros ucranianos buscam sobreviventes entre os escombros de prédio destruído após ataque de drone - Yasuyoshi Chiba - 17.out.22/AFP

A Rússia assumiu a autoria dos bombardeios, mas declarou que seus alvos eram de infraestrutura militar e de fornecimento de energia —Moscou nega reiteradamente mirar civis no conflito. "O Exército russo alcançou os seus objetivos na Ucrânia", disse o Ministério da Defesa russo em nota.

Em dados que não podem ser verificados de forma independente, o governo ucraniano alegou que 37 drones (que seriam 85% do total lançado) e três mísseis de cruzeiro foram destruídos pelas forças de segurança ainda no espaço aéreo. Na véspera, drones haviam atingido um terminal marítimo em Mikolaiv (sul), causando danos a tanques de armazenamento de óleo de girassol e provocando um incêndio.

"O inimigo pode atacar nossas cidades, mas não conseguirá nos destruir. Os invasores terão uma punição justa, e gerações futuras condenarão esses atos", disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

A reportagem da agência Reuters encontrou um drone que trazia a frase "para Belgorodo", em aparente referência a um ataque à cidade russa na fronteira com a Ucrânia —Moscou acusa a autoria do país vizinho, mas Kiev não comentou o episódio.

Autoridades ucranianas afirmam que os ataques a Kiev foram realizados com drones kamikazes do Irã, que voam até seus alvos e são detonados no local. Agências de inteligência americanas e de outros países afirmam que armamentos do tipo têm sido usados pela Rússia pelo menos desde agosto, e que o fornecimento por parte de Teerã viola tratados da ONU.

O regime iraniano, por sua vez, voltou a negar que tenha enviado drones para alguma das partes envolvidas no conflito. O porta-voz da chancelaria, Nasser Kanaani, disse que notícias do tipo "circulam em fontes ocidentais e têm ambições políticas".

A ofensiva mais recente levou o chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andrii Iermak, a reiterar que o país precisa de mais sistemas de defesa antiaérea, "o mais rápido possível", ecoando pedidos feitos pelo próprio Zelenski à comunidade internacional.

O Ocidente condenou os bombardeios desta segunda. O novo alto comissário de Direitos Humanos da ONU, o austríaco Volker Turk, disse que civis não podem ser alvos de mísseis e afirmou que o respeito a leis internacionais e direitos humanos é "absolutamente crítico". Na semana passada, o organismo multilateral havia condenado a anexação de porções do território ucraniano por Vladimir Putin.

A Casa Branca voltou a falar em responsabilizar Moscou por crimes de guerra.

Assessor da presidência ucraniana, Mikhail Podoliak aproveitou o incidente para exigir a expulsão da Rússia de fóruns internacionais —incluindo o G20, cujo próximo encontro está previsto para daqui a um mês. "Quem dá ordens para atacar infraestruturas críticas para paralisar civis e organiza mobilizações totais para cobrir o front com cadáveres não pode se sentar à mesma mesa que os dirigentes do G20."

De novo, os bombardeios a Kiev aconteceram na hora do rush, enquanto os habitantes se dirigiam ao trabalho. "Parece que agora nos atacam todas as segundas-feiras", disse Serguii Prijodko à AFP enquanto aguardava do lado de fora da estação ferroviária central de Kiev. "É a nova maneira de começar a semana."

Os ataques ocorrem uma semana depois dos disparos em larga escala de mísseis por parte da Rússia, provocando ao menos 26 mortes e cortes de energia elétrica. Eles representaram uma reação do Kremlin a uma explosão na ponte que liga a Rússia à península da Crimeia em 8 de outubro. A rota simboliza a união entre os dois territórios e é considerada crucial para o abastecimento das tropas de Putin.

Não foi a única derrota russa em campo nas últimas semanas: a Rússia perdeu territórios ocupados em Kharkiv e viu tropas ucranianas romperem suas defesas em Kherson e em Donetsk. Um pronunciamento do presidente russo do fim do mês passado, em que decretou as anexações, voltou a fazer ameaças sobre armas nucleares e levou a uma nova intensificação da guerra.

A mobilização, aliás, foi encerrada na capital russa nesta segunda. O prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, disse que a cidade cumpriu sua cota de recrutamento.

No final da semana passada, Putin havia afirmado que 222 mil dos 300 mil homens da previsão inicial tinham se alistado e assegurou que o governo não pretende realizar nova onda de mobilização. Ele admitiu ainda que houve equívocos dentro da campanha militar, com o chamamento de vários homens a princípio não elegíveis para a batalha.

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