Irã anuncia míssil balístico hipersônico em meio a novas tensões com Ocidente

República Islâmica é acusada de fornecer drones com que Rússia bombardeou infraestrutura energética da Ucrânia

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Dubai | AFP e Reuters

O Irã anunciou nesta quinta (10) ter desenvolvido um míssil balístico hipersônico. Segundo o general Amir Ali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária —a elite militar do país—, a arma é capaz de contra-atacar sistemas de defesa avançados e representa um "salto geracional" na área.

Um míssil hipersônico atinge velocidades superiores a Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som), ou quase 6.000 km/h. Essa velocidade elevada, aliada à habilidade de traçar rotas complexas, tornam a interceptação de armamentos do tipo extremamente difícil.

Sistemas de lançamento de mísseis iranianos são usados em exercício militar da Guarda Revolucionária do país na região de Aras
Sistemas de lançamento de mísseis iranianos são usados em exercício militar da Guarda Revolucionária do país na região de Aras - 17.out.22/West Asia News Agency via Reuters

Vários países tentam desenvolver modelos do equipamento, como EUA, Coreia do Norte e Rússia. O último tem vantagem no setor e em agosto anunciou a presença de aviões equipados com o artefato em Kaliningrado, enclave russo cercado por países da Otan, a aliança militar ocidental, no nordeste da Europa.

Há certo ceticismo da comunidade internacional em relação ao anúncio iraniano. Não há indícios de que o míssil estivesse em testes, e, embora o país do Oriente Médio tenha desenvolvido uma grande indústria doméstica de armas em decorrência das muitas sanções e embargos de que é alvo, analistas militares afirmam que ele às vezes exagera seu poderio bélico.

A divulgação acontece num momento em que a capacidade militar iraniana volta a preocupar o Ocidente. A Ucrânia acusa o país do Oriente Médio de enviar armamentos para a Rússia, que estaria usando seus drones kamikazes para atacar a infraestrutura energética do território invadido. No sábado (5), o Irã admitiu pela primeira vez ter fornecido os equipamentos, depois de negar a informação repetidas vezes.

Enquanto isso, as negociações de um novo tratado nuclear com o Irã seguem paralisadas. O pacto original foi abandonado pelos EUA de Donald Trump em 2018, três anos após a sua assinatura, e a forte repressão do regime aos protestos que mobilizam o país há mais de um mês, desde a morte de uma jovem curda sob custódia da polícia moral, desgastou ainda mais as relações da república islâmica com o Ocidente.

Na semana passada, o Irã disse ter testado seu primeiro veículo espacial em três estágios, o Ghaem 100, que conseguiria lançar satélites de 80 quilos em uma órbita a 500 quilômetros da superfície terrestre.

Os EUA consideram a ação preocupante, já que a tecnologia balística usada para colocar satélites em órbita pode ser usada para lançar ogivas nucleares. O Irã nega o desejo de desenvolver armas atômicas.

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