O Irã anunciou nesta quinta (10) ter desenvolvido um míssil balístico hipersônico. Segundo o general Amir Ali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária —a elite militar do país—, a arma é capaz de contra-atacar sistemas de defesa avançados e representa um "salto geracional" na área.
Um míssil hipersônico atinge velocidades superiores a Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som), ou quase 6.000 km/h. Essa velocidade elevada, aliada à habilidade de traçar rotas complexas, tornam a interceptação de armamentos do tipo extremamente difícil.
Vários países tentam desenvolver modelos do equipamento, como EUA, Coreia do Norte e Rússia. O último tem vantagem no setor e em agosto anunciou a presença de aviões equipados com o artefato em Kaliningrado, enclave russo cercado por países da Otan, a aliança militar ocidental, no nordeste da Europa.
Há certo ceticismo da comunidade internacional em relação ao anúncio iraniano. Não há indícios de que o míssil estivesse em testes, e, embora o país do Oriente Médio tenha desenvolvido uma grande indústria doméstica de armas em decorrência das muitas sanções e embargos de que é alvo, analistas militares afirmam que ele às vezes exagera seu poderio bélico.
A divulgação acontece num momento em que a capacidade militar iraniana volta a preocupar o Ocidente. A Ucrânia acusa o país do Oriente Médio de enviar armamentos para a Rússia, que estaria usando seus drones kamikazes para atacar a infraestrutura energética do território invadido. No sábado (5), o Irã admitiu pela primeira vez ter fornecido os equipamentos, depois de negar a informação repetidas vezes.
Enquanto isso, as negociações de um novo tratado nuclear com o Irã seguem paralisadas. O pacto original foi abandonado pelos EUA de Donald Trump em 2018, três anos após a sua assinatura, e a forte repressão do regime aos protestos que mobilizam o país há mais de um mês, desde a morte de uma jovem curda sob custódia da polícia moral, desgastou ainda mais as relações da república islâmica com o Ocidente.
Na semana passada, o Irã disse ter testado seu primeiro veículo espacial em três estágios, o Ghaem 100, que conseguiria lançar satélites de 80 quilos em uma órbita a 500 quilômetros da superfície terrestre.
Os EUA consideram a ação preocupante, já que a tecnologia balística usada para colocar satélites em órbita pode ser usada para lançar ogivas nucleares. O Irã nega o desejo de desenvolver armas atômicas.
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