Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia explode depósito de munições da Rússia e mata ao menos 63 recrutas

Reservistas estavam junto a quartel em Donetsk, segundo blogueiros militares

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São Paulo

Um ataque feito pela Ucrânia com foguetes de artilharia americanos na véspera do Ano-Novo matou ao menos 63 reservistas mobilizados por Vladimir Putin para a guerra no país invadido há dez meses.

A ação ocorreu em Makiivka, cidade contígua a Donetsk, capital da província homônima sob controle de separatistas russos desde 2014, quando Putin anexou a Crimeia em reação à queda da gestão pró-Kremlin em Kiev, iniciando a guerra civil ampliada para o maior conflito entre Estados na Europa desde 1945.

Tanque ucraniano em Torske, vila na região de Donetsk
Tanque ucraniano em Torske, vila na região de Donetsk - 30.dez.22/Reuters

Ali havia um quartel para abrigar alguns dos 320 mil reservistas convocados no fim do ano passado. O Ministério da Defesa russo só admitiu 63 mortes, enquanto a mesma pasta em Kiev estimou mais de 400.

A verdade deve estar no meio do caminho. Algumas pistas foram dadas pelo blogueiro militar russo Rybar, que tem mais de 1 milhão de seguidores no Telegram, e pelo notório Igor Girkin, que foi um dos líderes da revolta pró-Rússia no Donbass, região russófona do leste ucraniano composta por Donetsk e Lugansk.

Ambos disseram que havia um depósito de munição em um prédio adjunto aos dormitórios e que havia 600 pessoas no local na hora do ataque. Imagens em redes sociais mostram o lugar totalmente em escombros. "Os mortos são na casa das centenas", escreveu também no Telegram Girkin, que caiu em desgraça com o Kremlin e hoje é um crítico do rumo da guerra empreendida por Putin.

Se os relatos forem reais, trata-se de um erro crasso dos comandantes locais. O sistema usado no ataque, o Himars, lança mísseis com alta precisão, mas em geral não tem poder para o estrago visto nas imagens.

Trata-se do pior golpe sofrido pela criticada campanha de recrutamento de Putin, que pode dar musculatura ao Kremlin para novas ofensivas, após passar os últimos meses num movimento múltiplo.

Em Kherson, que como Lugansk, Donetsk e Zaporíjia é uma região declarada russa por Moscou, apesar de o controle não ser total, as forças de Putin se retiraram para posições mais facilmente defensáveis, recuando para a margem leste do rio Dnieper.

No Donbass, particularmente em Donetsk, há os combates mais violentos da guerra, segundo relatos. Enquanto isso, Moscou lança ondas de ataques aéreos com mísseis e drones, visando destruir a infraestrutura energética ucraniana em pleno inverno, para ganhar tempo e reorganizar suas forças —além de minar o espírito dos adversários.

A mobilização, decretada no fim de setembro, gerou a primeira queda na popularidade de Putin desde o início da guerra, mas ele já a recuperou. Tem, segundo o instituto independente Levada, 83% de aprovação.

As críticas até de aliados em rede nacional de TV fizeram os critérios arbitrários serem revistos, e o processo foi acelerado para ser logo dado como encerrado. Como o recrutamento anual de 120 mil soldados para o serviço obrigatório ocorreu no final do ano, há a expectativa de que uma nova mobilização só se faça necessária caso a guerra continue em impasse, mais para a frente.

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