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Atos no Peru voltam a ganhar corpo, e 15 pessoas ficam feridas ao tentar tomar aeroporto

Dezenas de manifestantes tentam tomar aeroporto internacional na região de Puno

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Lima | Reuters

Um dia antes de Dina Boluarte completar um mês na Presidência do Peru, ao menos 15 pessoas ficaram feridas em protestos organizados nesta sexta-feira (6) por apoiadores de Pedro Castillo, líder deposto após uma tentativa de golpe de Estado. Os manifestantes exigem a renúncia da atual chefe do Executivo.

Dezenas de pessoas tentaram tomar o aeroporto internacional Inca Manco Capac, na região de Puno, próximo da fronteira do Peru com a Bolívia. A ação foi impedida pela polícia, que interveio com o uso de gás lacrimogêneo. Do lado de fora, ao menos um veículo das forças de segurança foi incendiado.

Apoiadores de Pedro Castillo queimam pneus na região de Ica em protesto contra Dina Boluarte
Apoiadores de Pedro Castillo queimam pneus na região de Ica em protesto contra Dina Boluarte - Hugo Curotto/AFP

Os protestos contra Boluarte foram retomados nesta quinta (5) e ganharam adesão nesta sexta depois de uma trégua de duas semanas durante as festas de fim de ano. Antes, ao menos 25 pessoas morreram em confrontos violentos iniciados pela destituição de Castillo.

Pelo menos 13 manifestantes e dois policiais ficaram feridos nesta sexta, segundo a imprensa local. A Andean Airports of Peru, que opera o aeroporto na região de Puno, informou que os serviços foram suspensos "devido aos atos violentos e à falta de segurança".

Em dezembro, manifestantes adotaram a mesma estratégia, forçando o fechamento de três aeroportos no Peru. Nesta sexta, 49 pontos de bloqueio foram relatados em diferentes regiões do país, informaram autoridades. Na região de Ica, os ativistas bloquearam uma importante rodovia, impedindo a passagem de veículos de passageiros e de carga.

"Já apoiamos os atos do ano passado, estamos desempregados e a verdade é que, com a pandemia e tudo o que houve, queremos continuar a trabalhar", disse José Palomino, motorista afetado pelo bloqueio.

Os manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso, mudanças constitucionais e a libertação de Castillo. O ex-presidente está cumprindo 18 meses de prisão preventiva enquanto é investigado pelos crimes de rebelião e conspiração depois de tentar fechar o Congresso ilegalmente —ele nega as acusações.

A procuradoria-geral do país comunicou nesta sexta que está avaliando queixas contra Boluarte e três de seus ministros. Se justificadas, será iniciada uma investigação sobre as mortes ocorridas durante os protestos de dezembro.

Grupos de direitos humanos acusam as forças de segurança de terem usado armas letais contra os manifestantes. Já o Exército diz que os ativistas atacaram agentes com explosivo e armas caseiras.

Boluarte escreveu em suas redes sociais que "fornecerá todos os recursos necessários para o pronto esclarecimento dos fatos". "Respeitamos o direito de protesto pacífico da população, mas a maioria não quer que nosso país continue em situação de instabilidade. Queremos viver em paz", acrescentou.

Antes vice-presidente de Castillo, Boluarte é chamada de "traidora" pelos manifestantes contrários ao seu governo. Em tentativa de conter os protestos, ela declarou no mês passado estado de emergência e assinou decreto para que as Forças Armadas se juntem à polícia na repressão dos atos.

"O governo de Boluarte é extremamente fraco, como evidenciado pelo fato de que precisa recorrer à força. Desde o início errou ao se aproximar de forças que não só perderam as eleições, como também se recusaram a reconhecê-las", disse o cientista político Alonso Cárdenas à agência de notícias AFP.

Em esforço para ampliar os diálogos com diferentes setores da sociedade, Boluarte convocou para a semana que vem um encontro entre representantes do Estado, da sociedade civil, de grupos religiosos e de sindicatos empresariais e trabalhadores. "Vamos abordar questões urgentes para alcançar a paz social", disse a presidente.

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