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Número de mortos no Peru sobe a 25, e papa Francisco reza por fim da violência no país

Maior parte dos óbitos foi registrada em regiões ao sul, onde eleitorado do líder deposto Pedro Castillo se concentra

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Petrópolis (RJ)

O número de mortos nos protestos a favor do líder deposto Pedro Castillo aumentou para 25, informou o Ministério da Saúde do Peru em suas redes sociais neste domingo (18).

O local onde há mais óbitos é Ayacucho, a cerca de 500 quilômetros de Cusco. Dois dias antes, manifestantes atearam fogo às sedes locais do poder Judiciário e da Promotoria e tentaram tomar o aeroporto, sendo impedidos pelas autoridades.

Manifestantes invadem aeroporto em Ayacucho em meio à protestos em apoio ao ex-presidente Pedro Castillo - Miguel Gutierrez - 15.dez.22/Reuters

Ainda foram registradas mortes em outras cinco regiões, a maioria delas na parte sul dos Andes peruanos, onde se concentrou o eleitorado de Castillo nas eleições passadas e onde os protestos foram mais intensos.

As forças de segurança —que desde o estabelecimento de um estado de emergência na semana passada, envolvem ambos polícia e Exército— são acusadas de usar armas letais nos embates contra os manifestantes por grupos de direitos humanos.

Entre os organismos que condenaram "a escalada da violência" está a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Ligada à OEA, a Organização dos Estados Americanos, ela deve realizar uma visita técnica ao país no início do ano que vem.

O Peru está imerso em uma convulsão social desde 7 de dezembro, quando Castillo fracassou em uma tentativa de golpe após mandar dissolver o Parlamento, antecipar eleições e decretar estado de exceção. Acabou destituído pelo Congresso e sentenciado à prisão preventiva por 18 meses, acusado de rebelião e conspiração.

Desde então, seus apoiadores passaram a ocupar as ruas de diversas cidades pelo país. Além de sua libertação, eles exigem a antecipação das eleições gerais, a dissolução do Congresso e a criação de uma Assembleia Constituinte. Demandam ainda a renúncia de Dina Boluarte, vice-presidente que assumiu o poder com o afastamento do líder populista e a quem chamam de traidora.

Segundo o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, Manuel Gómez de la Torre, porém, "a normalidade está sendo paulatinamente recuperada", com a reabertura de rodovias, aeroportos e cidades.

Ainda neste fim de semana, os cerca de 5.000 turistas que estavam presos na região de Cusco, que serve como base para visitas ao sítio arqueológico de Machu Picchu, enfim conseguiram ir embora. Cerca de 4.500 deles embarcaram de volta a seus locais de origem na sexta-feira, depois que o aeroporto local foi reaberto, enquanto outros 400 que estavam ilhados na cidadela histórica após o bloqueio de uma linha de trem saíram de lá no sábado.

Na semana passada, Dina tentou apaziguar a população ao propor ao Congresso adiantar as eleições de 2026 para o 2023, mas foi derrotada. O Parlamento deve voltar a submeter o projeto à votação novamente nesta terça-feira (20). Segundo pesquisas recentes, 83% da população considera que a antecipação do pleito é a única saída possível para a crise.

O papa Francisco rezou pelo país andino neste domingo (18). Em sua oração do Angelus, o pontífice pediu que o Peru "cesse a violência" e "opte pelo caminho do diálogo para superar a crise política e social que afeta a população".

Em entrevista a um canal de notícias chileno, a chanceler do Chile, Antonia Urrejola, afirmou que o ex-presidente Castillo "não é um golpista", mas descumpriu "normas constitucionais".

"Acho que (Pedro Castillo) não é um golpista", disse Urrejola. Apesar de defender o ex-presidente, ela afirmou que ele "não cumpriu as normas constitucionais que deveria ter cumprido" para determinar a dissolução do Congresso.

"O Peru tem uma Constituição e dentro das normas constitucionais o presidente da República pode dissolver o Congresso, mas cumprindo requisitos que, nesse caso, não foram cumpridos", afirmou.

Procurador da Lava Jato pede 9 anos de prisão para ex-presidente Martín Vizcarra por suborno

Membro da equipe especial da Lava Jato, o procurador Germán Juárez apresentou sua acusação contra o ex-presidente Martín Vizcarra, que governou o país andino entre 2018 e 2020. A informação é de reportagem do jornal local El Comercio publicada neste domingo (18).

Vizcarra é suspeito de ter aceitado subornos por duas obras públicas em Moquegua, no sul do país, quando ele governava a região, de 2011 a 2014. Elas consistiriam em um projeto de irrigação e um plano para a ampliação e melhorias do hospital local.

Segundo o El Comercio, a Procuradoria solicitou uma pena de 15 anos de prisão para o ex-presidente pelo crime de suborno passivo, além de pedir que ele seja impedido de exercer cargos públicos por nove anos.

Com AFP

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