Israel lança ofensiva contra direitos de familiares de envolvidos em ataques

Casa de parentes do atirador que matou 7 em sinagoga é isolada e deverá ser demolida

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Jerusalém | AFP e Reuters

O governo de Israel anunciou medidas contra familiares das pessoas envolvidas em dois ataques em Jerusalém, um dos quais deixou sete pessoas mortas em uma sinagoga.

Em decisão controversa, o governo de Binyamin Netanyahu informou que avalia a possibilidade de privá-los da Previdência Social e de que sejam confiscados seus documentos de identidades.

Forças de segurança isolaram neste domingo (29) uma casa que pertence aos familiares de Alkam Khairi, 21, atirador que foi morto após cometer o atentado na sinagoga. Os moradores tiveram de sair do local às pressas. Segundo o governo, a residência será demolida.

Policiais israeleneses caminham em frente à casa de atirador palestino em Jerusalém Oriental
Policiais israeleneses caminham em frente à casa de atirador palestino em Jerusalém Oriental - Ammar Awad - 28.jan.23/Reuters

É a primeira ação de represália tomada por Bibi —como o premiê é conhecido—, que lidera a coalizão mais à direita do país, contra o que chamou de "parentes de terroristas". Neste sábado, ele prometeu resposta "forte, rápida e precisa" aos ataques em Jerusalém Oriental.

A mãe do atirador permanece detida em uma delegacia. No total, 42 pessoas suspeitas de envolvimento no ataque foram levadas para serem interrogadas, segundo a polícia israelense.

O ataque na sinagoga aconteceu na sexta (27), após fiéis assistirem a um serviço religioso pelo Dia Internacional de Lembrança do Holocausto. Sete pessoas foram mortas e três ficaram feridas após o homem disparar de forma indiscriminada. Ele foi morto depois de uma breve perseguição policial.

O governo também avalia retaliar a família de um menino palestino de 13 anos que atirou em duas pessoas neste sábado (28) na Cidade Velha. O jovem foi detido, e as vítimas, que são pai e filho, continuam hospitalizadas. Uma casa que pertence aos parentes do jovem foi isolada, mas ainda não se sabe se será demolida.

A demolição de propriedades que pertencem a parentes de palestinos que mataram israelenses não é uma prática nova em Israel.

O governo alega que a medida tem efeito dissuasório, mas críticos contestam o argumento afirmando que se trata de uma punição coletiva desnecessária. O diretor jurídico da ONG israelense de direitos humanos HaMoked, Dani Shenhar, afirmou que as demolições não respeitam o Estado de Direito e demonstram apenas a vontade de vingança.

Três dos mortos no ataque de sexta na sinagoga foram sepultados na noite de sábado (28). Tratam-se de Asher Natan, um adolescente de 14 anos, e do casal Eli e Natalie Mizrahi, que tentou socorrer as primeiras vítimas do atentado.

O governo ativou o nível de alerta nacional mais alto e reforçou a presença de agentes em Israel e na Cisjordânia após a sequência de ataques. O comissário de polícia Kobi Shabtai disse que uma equipe da unidade de contraterrorismo de elite Yamam foi enviada a Jerusalém.

Os ataques foram cometidos em um momento de crescente tensão em Israel. A morte de ao menos dez palestinos na última quinta-feira (26) em ações do Exército de Israel, liderado pela coalizão política mais à direita que o país já viu, exacerbou a crise com a Palestina.

Na manhã de domingo, guardas israelenses mataram outro palestino perto de um assentamento na Cisjordânia ocupada, segundo o Ministério da Saúde palestino. O Exército israelense informou que o homem estava armado —a informação não pôde ser verificado de maneira independente.

Uma casa e um veículo palestinos foram incendiados no vilarejo de Turmus Ayya, na Cisjordânia, em ataque atribuído pelos moradores locais aos colonos israelense como vingança aos episódios recentes. Segundo a agência oficial palestina Wafa, israelenses também atiraram pedras contra 120 veículos e houve atacaram 22 lojas em Nablus, no norte da Cisjordânia ocupada.

Os episódios de violência foram registrados horas após o ministro de Segurança Nacional israelense, o extremista Itamar Ben-Gvir, afirmar buscaria aumentar o número de licenças de armas no país. "Quero armas nas ruas. Quero que os cidadãos possam se proteger."

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, chegou neste domingo (29) ao Egito, primeira escala da viagem que terá como destino final o Oriente Médio. O americano deve visitar Israel e Cisjordânia com o objetivo de "reduzir as tensões" na região.

O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, por sua vez, pediu "máxima responsabilidade" a israelenses e palestinos. Já o papa Francisco criticou o aumento da violência e recomendou às partes do conflito na Cisjordânia que iniciem uma "busca sincera da paz".

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