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Protesto no sul do Peru deixa ao menos 2 mortos, e caravanas chegam a Lima

Movimentos sociais convocaram atos na capital contra presidente do país, Dina Boluarte, e em defesa de Pedro Castillo

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Lima | AFP

No mesmo dia em que centenas de pessoas chegaram à capital do Peru, Lima, para protestos contra o governo de Dina Boluarte, novos confrontos no sul do país entre forças de segurança e apoiadores do ex-líder Pedro Castillo deixaram dois mortos nesta quarta (18).

Em preparação para o ato desta quinta (19), apelidado de "Tomada de Lima", autoridades implementaram um grande esquema de segurança com a mobilização de quase 12 mil policiais, além de 120 caminhões e 49 viaturas militares, segundo cifras fornecidas pelo chefe da polícia da capital, general Victor Zanabría.

Policial segura bomba de gás durante protesto contra Dina Boluarte em Lima, no Peru
Policial segura bomba de gás durante protesto contra Dina Boluarte em Lima, no Peru - Ernesto Benavides - 17.jan.23/AFP

Estabelecimentos de saúde públicos e privados de todo o país também estão em alerta máximo, disse a ministra da Saúde peruana, Rosa Gutiérrez, segundo o jornal local El Comercio. Ao todo, 24.500 hospitais estariam disponíveis para receber possíveis casos de emergência durante a manifestação.

As mortes de quarta-feira ocorreram na cidade de Macusani, a cerca de 250 km de Puno, atual epicentro dos atos. Em convulsão social desde a queda de Castillo, no mês passado, o Peru já registrou ao menos 53 mortes desde o início dos atos contra o governo.

Uma das vítimas era uma mulher de cerca de 35 anos, que chegou sem vida ao hospital de Macusani. Logo após a sua morte, uma multidão incendiou a sede do Judiciário e uma delegacia da cidade —policiais que trabalhavam no local tiveram de ser resgatados com a ajuda de um helicóptero.

O ato desta quinta-feira é organizado pela Confederação Geral de Trabalhadores do Peru. Alguns dos manifestantes, que em sua maioria vieram de regiões do interior do país, pernoitam na capital em colchonetes no chão de cimento de um escritório cedido por um grupo de esquerda próximo à praça Bolognesi. Outros se instalaram no campus da Universidade Nacional Maior de San Marco, fundada em 1551 e uma das mais antigas do continente.

"Viemos da província de Chumbivilcas [próximo de Cusco] para defender nossos direitos. Faremos nossa voz ser ouvida. Somos tremendamente esquecidos", disse o camponês Edwin Condori, 43, à agência AFP.

Os manifestantes partiram principalmente de Cusco, Ayacucho, Cajamarca, Puno e Andahuaylas, regiões que registraram votações expressivas em Castillo nas eleições de 2021. Eles exigem a renúncia da atual chefe do Executivo, a dissolução do Congresso, mudanças na Constituição e a libertação do ex-líder.

Forças de segurança foram colocadas em alerta máximo. No último domingo (15), autoridades decidiram prolongar o estado de emergência em quatro províncias e três regiões do Peru, incluindo Lima. O decreto permite, entre outros pontos, que o Exército se junte à polícia no monitoramento dos protestos.

Os atos contra Dina foram retomados depois de uma trégua de duas semanas para as festas de fim de ano. Na semana passada, diante da escalada de violência, o Ministério Público do Peru anunciou a abertura de uma investigação preliminar sobre diversas autoridades, incluindo a presidente e o premiê Alberto Otárola, suspeitos de terem cometido os crimes de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves na repressão aos protestos que tomam o país.

Pressionada, Dina já descartou renunciar ao cargo. Segundo o governo, os atos têm reunido extremistas e guerrilheiros ligados ao Sendero Luminoso, que espalhou terror no Peru entre os anos de 1980 e 2000.

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