Descrição de chapéu Coreia do Norte

Regime de Kim Jong-un lança míssil antes de exercícios entre EUA e Coreia do Sul

Segundo foguete disparado pela Coreia do Norte este ano caiu em zona econômica exclusiva do Japão

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Seul | AFP

A Coreia do Norte disparou pelo menos um míssil balístico não identificado sobre o mar do Japão neste sábado (18). O lançamento, informado por Seul, antecede exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul na semana que vem em Washington.

Na véspera, o ditador Kim Jong-un tinha ameaçado dar uma resposta 'sem precedentes' ao evento, com Pyongyang alegando que os países aliados têm tentado criar uma espécie de "vórtice de tensão" sem justificativa na comunidade internacional.

Pessoas passam diante de televisão mostrando teste de míssil da Coreia do Norte em estação de trem em Seul - Anthony Wallace/AFP

O Japão também confirmou o disparo, acrescentando que o foguete do tipo ICBM (míssil balístico intercontinental, na sigla em inglês) parecia ter caído em uma porção de suas águas a oeste de Hokkaido, dentro da zona econômica exclusiva do país, mas não em seu território.

De acordo com o Exército japonês, o artefato foi disparado a partir da área de Sunan, local onde fica o aeroporto internacional de Pyongyang e ponto de lançamento de vários testes de mísseis norte-coreanos anteriores. Ele teria ficado no ar por aproximadamente 66 minutos e percorrido cerca de 900 km antes de atingir o mar às 18h27 do horário local (6h27 no horário de Brasília).

A princípio, nenhum barco ou avião foi danificado. O premiê japonês, Fumio Kishida, afirmou que instruiu as autoridades a "informar a população e verificar minuciosamente a situação de segurança".

Ele condenou o lançamento, uma ameaça à comunidade internacional nas suas palavras. Um foguete disparado por Pyongyang em novembro passado também havia caído na zona econômica exclusiva do país, que cobre até 370 quilômetros a partir de sua costa.

Horas depois, o governo americano disse condenar "energicamente" o lançamento. "Isso aumenta de maneira desnecessária as tensões e gera o risco de desestabilizar a segurança na região", disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

A Casa Branca ainda afirmou estar tomando as medidas necessárias para proteger seu território e o de seus aliados regionais, mas disse que o míssil não representava uma ameaça imediata. O G7, grupo das sete maiores economias mundiais, também condenou o lançamento e pediu por uma resposta unificada da comunidade internacional.

O assunto ainda foi tema de discussões durante a Conferência de Segurança de Munique, principal fórum de discussão internacional sobre o tema, em curso neste fim de semana. Antony Blinken, secretário de Estado americano, reduziu o episódio a uma provocação e afirmou que seu único efeito é reforçar a aliança entre os EUA, a Coreia do Sul e o Japão ao comentá-lo nos bastidores do evento.

Já o chanceler sul-coreano, Park Jin, abordou o episódio em um painel no mesmo encontro. Para ele, a intensificação das ameaças de Pyongyang no último ano é uma consequência direta da Guerra da Ucrânia.

O disparo da Coreia do Norte deste sábado é o segundo do ano. No ano passado, a ditadura realizou uma quantidade recorde de testes do tipo —foram 90 mísseis balísticos e de cruzeiro lançados ao longo do ano, 23 deles em um único dia. Vários dos artefatos também eram ICBMs, capazes de atingir qualquer ponto do território americano.

O episódio busca servir de aviso para o fortalecimento da aliança militar entre Seul e Washington, que o regime chama de provocação. Trata-se de um ciclo vicioso, já que os EUA e seus aliados regionais também alegam agir devido às decisões tomadas por Pyongyang.

Os EUA e a Coreia do Sul vêm realizando exercícios militares em conjunto com certa frequência, segundo eles em preparação para um possível ataque nuclear. O próximo treinamento está marcado para esta quarta (22) no Pentágono e envolverá legisladores que atuam no campo da Defesa de ambas as nações. Os países ainda planejam uma variedade de atividades em campo nas próximas semanas e meses.

As tensões militares aumentaram na península coreana depois que a Coreia do Norte se declarou um Estado nuclear "irreversível", realizando vários testes de armas, apesar das sanções internacionais impostas pelo Conselho de Segurança da ONU.

No início deste mês, imagens de uma parada militar em Pyongyang mostraram que o regime tem ao menos 11 mísseis balísticos intercontinentais Hwasong-17, que especialistas suspeitam ser capaz de atingir praticamente qualquer ponto do globo se equipados com ogivas nucleares. Além dele, o desfile contava ainda com o que analistas afirmam ser um possível protótipo ou maquete de um novo míssil intercontinental de combustível sólido.

A ocasião ainda contou com a presença de Ju-ae, filha de Kim que estaria sendo treinada para se tornar a próxima dirigente do regime segundo analistas. Nesta sexta (17), ela foi vista ao lado do pai na plateia de um evento esportivo, o primeiro sem cunho militar desde que ela começou a aparecer na mídia estatal em novembro passado.

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assiste a uma partida esportiva em Pyongyang ao lado da filha, Ju-ae - Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA)/via Reuters
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