Descrição de chapéu Coreia do Norte

Kim Jong-un mostra poder de fogo e volta a aparecer com filha em desfile militar

Imagens do evento revelam que regime tem hoje ao menos 11 mísseis balísticos intercontinentais Hwasong-17

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São Paulo

Um desfile militar na Coreia do Norte nesta quarta-feira (8) revelou que o poder de fogo da ditadura hoje é grande o suficiente para preocupar países como os Estados Unidos. Imagens do evento divulgadas pela agência de notícias estatal KCNA dão conta de que o regime tem ao menos 11 mísseis balísticos intercontinentais Hwasong-17, que especialistas suspeitam ser capaz de atingir praticamente qualquer ponto do globo equipados com ogivas nucleares.

Míssil balístico intercontinental é exibido em parada militar que celebrava o 75º aniversário das Forças Armadas da Coreia do Norte na praça Kim Il-sung, na capital, Pyongyang - KCNA/KNS/AFP

O modelo foi testado pela primeira vez no ano passado. Além dele, o desfile contava ainda com o que analistas afirmam ser um possível protótipo ou maquete de um novo míssil intercontinental de combustível sólido —desenvolver um armamento do tipo tem sido um dos maiores objetivos da ditadura ultimamente, uma vez que ele pode dificultar a detecção de mísseis nucleares durante um conflito.

O ditador Kim Jong-un supervisionou a parada, realizada na capital, Pyongyang, por ocasião do 75º aniversário das Forças Armadas nacionais. Ele compareceu às festividades ao lado da esposa, Ri Sol-ju, e da filha Ju-ae, que estaria sendo treinada para se tornar a próxima dirigente do país.

Kim Jong-un, líder norte-coreano, comparece a parada militar ao lado da filha Ju-ae e da esposa, Ri-sol, em Pyongyang
Kim Jong-un, líder norte-coreano, comparece a parada militar ao lado da filha Ju-ae e da esposa, Ri-sol, em Pyongyang - 8.fev.23/KCNA via Reuters

Eventos militares como este são escrutinados com atenção por analistas, que buscam neles pistas sobre o avanço do programa de desenvolvimento de armamentos do regime, um dos mais fechados do mundo. Questionados sobre o significado da parada desta quarta, afirmam que as armas que a Coreia do Norte exibiu mostram um país em busca de se consolidar como potência militar —e, a princípio, consegue.

"Desta vez, Kim Jong-un deixou o conjunto de mísseis táticos e de longa distância em expansão falarem por si mesmos", afirmou Leif-Eric Easley, professor da Universidade de Ewha, em Seul. Ankit Panda, autor de "Kim Jong-un and the Bomb" (sem edição no Brasil), disse que o desfile condiz com o plano de longa data da ditadura de produzir armas nucleares e sistemas de lançamento em larga escala.

A questão, acrescenta ele, é que Washington planejou suas defesas antimísseis para ameaças "limitadas" de Pyongyang —a dimensão real da capacidade militar norte-coreana pode, portanto, ser um problema para os EUA.

A presença de Ju-ae no desfile é outro fator imbuído de significado para os especialistas. Segundo eles, a presença frequente da menina ao lado do pai em eventos estatais desde novembro passado provavelmente indica que ela foi designada como sua sucessora.

O regime nunca tinha mencionado oficialmente a existência de filhos de Kim antes, mas acredita-se que o ditador seja pai de três crianças, duas meninas e um menino.

A Coreia do Norte havia promovido outros três desfiles militares noturnos nos últimos anos, período em que tem prometido ampliar e intensificar seus exercícios militares em preparação para uma guerra.

A ditadura realizou no ano passado um número recorde de testes de mísseis, proibidos por sanções e resoluções do Conselho de Segurança da ONU —Kim argumenta que as determinações ferem o princípio de soberania, que garante o direito de autodefesa de seu território.

O Ministério das Relações Externas de Seul criticou o país vizinho por realizar o evento no momento em que enfrenta dificuldades econômicas e fome crescente.

Com AFP e Reuters

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