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Taiwan anuncia mais cooperação militar com EUA em desafio à China

Fala tachada de provocação por regime chinês se dá em meio a aumento de tensões entre Washington e Pequim

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Taipé | AFP e Reuters

Taiwan anunciou nesta terça-feira (21) que pretende fortalecer sua cooperação militar com os Estados Unidos e outras nações aliadas para confrontar o que chama de "expansionismo autoritário" da China.

A declaração foi feita pela presidente da ilha, Tsai Ing-wen, durante uma visita de um grupo de congressistas americanos a Taipé. O secretário-adjunto da Defesa dos EUA, Michael Chase, havia aterrissado no território cinco dias antes —não se sabe se ele ainda estava no local.

O deputado americano Ro Khanna e a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, cumprimentam-se durante encontro no gabinete presidencial, em Taipé
O deputado americano Ro Khanna e a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, cumprimentam-se durante encontro no gabinete presidencial, em Taipé - Gabinete da Presidência de Taiwan via AFP

O anúncio se dá em meio a uma nova crise diplomática entre EUA e China, iniciada após o Pentágono divulgar a descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês. Washington afirma que o objeto é um instrumento de espionagem, enquanto Pequim insiste que o artefato, derrubado por um caça, é um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas.

Ele ocorre ainda após um fim de semana de acirramento das tensões políticas internas, provocado pela visita de uma delegação chinesa a Taiwan.

O convite havia sido feito pelo prefeito de Taipé, Chiang Wan-an, e aprovado pela administração central —embora a China continental se recuse a dialogar com o território desde a eleição de Tsai, em 2016, interações entre prefeituras eram recorrentes antes da pandemia. Mas a legenda da presidente, o Partido Democrático Progressista, acusou Chiang de ter dissimulado a visita, escondendo informações da população e da própria sigla por medo de gerar controvérsia.

Chiang pertence ao principal partido de oposição, o Kuomintang (KMT). Mais favorável a relações com o regime de Xi Jinping, ele está na mira dos governistas desde que o seu vice-presidente, Andrew Hsia, visitou o continente este mês.

No pronunciamento desta terça, Tsai não deu detalhes do tipo de intercâmbio militar a que se referia, dizendo só que é hora de "explorar mais possibilidades de cooperação". "Juntos podemos seguir protegendo a democracia e a liberdade."

A fala foi ecoada pelo deputado americano Ro Khanna, que disse que o objetivo da visita dele e de seus colegas a Taipé era expandir a "defesa da parceria militar e de segurança" com o território. O democrata, que integra um novo comitê da Câmara encarregado de avaliar a concorrência estratégica com a China, ainda enfatizou seu encontro com o fundador da TSMC, Morris Chang. A empresa é maior fabricante de chips do mundo, e foi responsável por alçar a ilha à liderança global no setor de semicondutores.

Wang Wenbin, porta-voz da chancelaria chinesa, descreveu a fala da líder taiwanesa como provocação e advertiu que "qualquer conspiração separatista inútil ou plano que se apoie em forças estrangeiras para minar as relações entre os dois lados do estreito serão contraproducentes e necessariamente mal-sucedidos". Taipé "não pode reverter a tendência inevitável de se reunificar com a China", completou ele.

Como a maior parte da comunidade internacional, Washington não mantêm laços diplomáticos formais com Taipé, considerada por Pequim uma província rebelde e parte inalienável de seu território. A ilha viveu sob influência chinesa até 1949, quando os nacionalistas derrotados pelos comunistas durante a guerra civil no país fugiram para o território e ali forjaram um governo capitalista.

Ainda assim, os americanos continuam sendo o maior aliado estrangeiro de Taiwan —além de principal fornecedor de armas. As duas administrações vêm se aproximando recentemente, período em que o regime chinês passou a pressionar a ilha para aceitar o domínio do continente sobre o seu território.

O elo com Washington é uma fonte constante de tensão nas relações sino-americanas —já bem abaladas nos últimos anos por fatores que vão do cerco comercial dos EUA a empresas de tecnologia chinesas à expansão militar americana no Sudeste Asiático.

As rusgas se intensificaram com a visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara e mais alta autoridade do país a viajar à ilha em 25 anos, em agosto. A China respondeu à visita realizando o seu maior exercício militar no estreito que a separa de Taiwan. Desde então, a ditadura tem mantido atividades militares quase diárias ao redor da ilha.

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