Silvio Berlusconi, 86, ex-premiê da Itália por quatro mandatos, recebeu diagnóstico de leucemia. Ele está em terapia intensiva desde quarta-feira (5) em uma unidade do hospital San Raffaele, em Milão, para tratar de uma infecção pulmonar.
A agência de notícias Ansa informou que Berlusconi já havia começado a quimioterapia e que seu quadro de saúde era estável nesta quinta-feira (6).
"Falei esta manhã com o professor Zangrillo [médico pessoal de Berlusconi], e ele me disse que Berlusconi passou uma noite tranquila; sua condição é estável", disse o ministro das Relações Exteriores e vice-premiê, Antonio Tajani, à televisão estatal RAI.
"Todos queremos ser otimistas e esperamos que o leão volte logo para assumir o comando do partido. Ele é nosso líder político e claro que nunca desiste", acrescentou.
Os médicos não divulgaram quando exatamente Berlusconi recebeu o diagnóstico de câncer, limitando-se a dizer que o quadro dele não é agudo. A Leucemia Mielomonocítica Crônica que atinge o ex-premiê ataca os glóbulos brancos do organismo. Segundo o NHS, sistema de saúde britânico, cerca de 70% dos homens vivem pelo menos cinco anos após o diagnóstico, enquanto adultos mais jovens tendem a ter uma perspectiva melhor.
A Leucemia Mielomonocítica Crônica é um câncer que afeta com mais frequência pessoas com idade acima de 60 anos e, principalmente, homens.
Filhos de Berlusconi, Marina, Pier Silvio e Luigi foram ao hospital nesta quinta, mas não conversaram com repórteres que acompanhavam o caso do lado de fora. Um dia antes, o irmão mais novo do ex-premiê italiano, Paolo, também foi ao hospital. "Ele é uma rocha, então vai conseguir desta vez também", disse a repórteres, em referência aos últimos problemas de saúde do irmão.
Desde que foi infectado com Covid-19, em 2020, Berlusconi precisou ser internado várias vezes. Na semana passada, por exemplo, ele ficou três dias no mesmo hospital após sentir dores –os médicos não divulgaram detalhes. O italiano também já precisou fazer uma cirurgia cardíaca em 2016 e tratar um câncer de próstata.
"Obviamente há preocupação. Ele está alerta, mas não em posição de lidar com todas as situações", disse Paolo Barelli, líder do Forza Italia, partido de Berlusconi, na Câmara baixa do Parlamento.
A legenda informou, em comunicado nesta quinta, que Berlusconi conversou com aliados importantes e pediu "compromisso máximo" no Parlamento. "O país precisa de nós", teria dito ele. O Forza Italia faz parte da coalizão de direita da primeira-ministra Giorgia Meloni, mas o ex-premiê não tem cargo oficial no governo. Segundo a Ansa, Meloni telefonou a Berlusconi nesta quinta para desejar pronta recuperação.
O magnata das mídias deixou o cargo de primeiro-ministro pela última vez em 2011, abalado por escândalos de corrupção. Em fevereiro, um tribunal italiano inocentou o ex-premiê de acusações de ter subornado testemunhas no caso de prostituição infantil que o persegue há mais de uma década. Ele era suspeito de ter pago pelo silêncio de 24 pessoas —mulheres jovens convidadas para suas festas "bunga-bunga" em sua maior parte— para mentirem num julgamento de 2015. À época, o ex-primeiro-ministro foi absolvido, por falta de provas, da acusação de ter feito sexo com uma menor de idade em uma das festas.
Em setembro do ano passado, ele voltou ao Senado italiano com apoio, inclusive, de Meloni.
A despeito da controversa ficha, Berlusconi usa seu capital político acumulado ao longo de décadas para se apresentar como um grande negociador dentro de sua coalizão. Recentemente, gerou polêmica ao criticar o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e defender Vladimir Putin, o que irritou aliados.
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