FBI ignorou alertas sobre invasão do Capitólio nos EUA, diz relatório

Segundo documento, autoridades disseram que não havia indicação de desobediência civil em 6 de janeiro de 2021

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São Paulo

O FBI, a polícia federal americana, e o Departamento de Segurança Interno minimizaram e ignoraram alertas feitos pela inteligência dos EUA antes da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump tentaram impedir a certificação da vitória de Joe Biden.

A conclusão consta em relatório de 105 páginas apresentado nesta terça-feira (27) no Senado americano por um comitê formado por democratas, após mais de dois anos de investigação. Segundo o documento, agências governamentais que atuam na área de segurança falharam em identificar a gravidade das ameaças, já que apoiadores de Trump planejaram a invasão em fóruns públicos na internet.

"As agências falharam em soar o alarme e compartilhar informações que poderiam ter ajudado autoridades a se preparar para os eventos [do 6 de Janeiro]", disse o senador democrata Gary Peters, presidente do Comitê de Segurança Interna e Assuntos Governamentais, responsável pelo relatório.

Última sessão do comitê da Câmara dos EUA que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021
Última sessão do comitê da Câmara dos EUA que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 - Mandel Ngan - 19.dez.22/AFP

O comitê afirma que, nos dias 3 e 4 de janeiro de 2021, as agências de inteligência detectaram várias publicações nas redes sociais que estimulavam a violência armada e a invasão do Capitólio. No entanto, na manhã de 6 de janeiro, um oficial do Departamento de Segurança Interno escreveu que não havia indicação de desobediência civil em Washington para os eventos previstos ao longo do dia.

Às 14h58, segundo o relatório, quando manifestantes já ocupavam o Capitólio, o escritório de inteligência e análise do Departamento de Segurança Interno identificou novas conversas online que estimulavam ações mais violentas dos invasores, mas autoridades disseram que as mensagens não eram confiáveis.

Antes, em dezembro de 2020, o FBI recebeu informações de que integrantes do grupo de extrema direita Proud Boys planejavam ir a Washington para "matar pessoas", segundo o documento. A insurreição deixou cinco mortos e centenas de feridos. O comitê conclui que as agências americanas precisam reavaliar os procedimentos internos para coleta, análise e disseminação de informações.

O documento ainda traça um paralelo com as manifestações realizadas em várias cidades dos EUA após o assassinato de George Floyd, um homem negro que foi sufocado por um policial branco em 2020. Segundo o comitê, na ocasião, as agências coletaram "informações em excesso de cidadãos americanos", diferentemente do que ocorreu nos dias que antecederam a invasão do Capitólio.

Pouco antes do motim em 6 de janeiro, Donald Trump fez um discurso incendiário a apoiadores e os incentivou a ir ao Capitólio, repetindo as falsas alegações de que a eleição havia sido roubada. Em dezembro de 2022, o comitê da Câmara dos Representantes dos EUA que investiga a invasão pediu o indiciamento do ex-presidente por quatro crimes relacionados à recusa em aceitar o resultado da eleição presidencial: obstrução de procedimento oficial; conspiração para fraudar os EUA; conspiração para fazer uma declaração falsa; e incitação, assistência ou ajuda a insurreição.

Atualmente, Trump é o favorito para representar o Partido Republicano na disputa pela Presidência. Ele e alguns de seus adversários republicanos prometeram conceder indultos a manifestantes que cumprem penas de prisão por envolvimento na invasão do Capitólio. O FBI afirma ter prendido mais de 950 pessoas que participaram do movimento —a investigação é considerada a maior da história do órgão.

Com Reuters

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