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Confrontos em prisões do Equador deixam ao menos 31 mortos e 14 feridos

Governo intervém nos presídios com força militar, e assunto marca presença na campanha para eleições de agosto

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Quito | Reuters e AFP

Ao menos 31 detentos morreram e outras 14 pessoas ficaram feridas no mais recente incidente de violência carcerária no Equador, assolado por uma crise de segurança. Após o governo decretar estado de emergência, militares entraram na penitenciária de Guayaquil nesta terça-feira (25) para conter o conflito.

De acordo com cifras oficiais, cerca de 2.700 agentes ingressaram na Penitenciária do Litoral e, por meio de detonações controladas, retomaram o comando de três blocos de celas. Os conflitos tiveram início no sábado (22), quando as rebeliões explodiram depois da morte de seis detentos.

Forças militares montam guarda do lado de fora da Penitenciária do Litoral, palco de novos confrontos entre detentos de gangues rivais em Guayaquil
Forças militares montam guarda do lado de fora da Penitenciária do Litoral, palco de novos confrontos entre detentos de gangues rivais em Guayaquil - Marcos Pin/AFP

A violência foi resultado do confronto entre facções criminosas dentro da prisão, também conhecida como Guayas 1 e considerada uma das mais perigosas do país. Os detentos usaram armas de fogo e incendiaram instalações com tanques de gás. Um policial ficou ferido.

A crise não se restringe a Guayaquil. Presidiários em 13 cadeias de dez províncias estão atualmente em greve de fome —eles reclamam da falta de atenção do governo e da insegurança nos presídios.

O estado de emergência decretado pelo presidente Guillermo Lasso é válido por 60 dias. O líder equatoriano estendeu a ordem às províncias de Manabi e Los Rios, assim como à cidade de Duran, depois que o prefeito de Manta, Agustín Intriago, foi morto a tiros no domingo (23). "O Estado põe ordem na Penitenciária do Litoral porque a força coercitiva jamais se curvará", escreveu ele nas redes sociais.

Lasso incluiu no post fotos de militares vigiando dezenas de presos em um pátio. Os reclusos aparecem com o torso nu, alguns sentados e outros deitados de cabeça para baixo, e com as mãos atadas.

A intervenção militar nas prisões do Equador continuará até que o controle seja retomado e não haja nenhuma ameaça aos presos ou a funcionários, disse o governo. O país é atormentado pela violência nas prisões e, devido aos incidentes frequentes, candidatos presidenciais prometeram em suas campanhas para as eleições, marcadas para 20 de agosto, reformas nos presídios.

Lasso declara regularmente estado de emergência enquanto tenta combater a violência nas prisões. Desde fevereiro de 2021, as penitenciárias equatorianas são cenário de recorrentes massacres que deixaram mais de 420 mortos e um rastro de terror, com corpos decapitados e queimados.

A Penitenciária do Litoral já tinha sido palco de confrontos entre facções em abril, quando ao menos 12 pessoas morreram. Em julho do ano passado, 13 prisioneiros foram mortos na prisão Bellavista, na cidade de Santo Domingo. Um recente censo mostrou que, nas 36 prisões locais, há uma população de mais de 31,3 mil presos, sendo que a capacidade é para cerca de 30 mil. A maioria foi detida por narcotráfico.

Um comitê de pacificação criado por Lasso descreveu no ano passado as prisões como "armazéns de seres humanos e centros de tortura". O relatório destacou o crescimento do tráfico de drogas e da violência. A taxa de homicídios saltou de 14 para 25 por 100 mil habitantes de 2021 para 2022.

Localizado entre Colômbia e Peru —principais produtores de cocaína do mundo—, o Equador apreendeu 455 toneladas de drogas desde que Lasso assumiu o cargo, em maio de 2021. No mesmo ano, o recorde anual de apreensões foi registrado em 210 toneladas.

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