Ex-líder extremista é condenado a 22 anos por invasão do Capitólio

Enrique Tarrio, ex-chefe do Proud Boys, recebeu a maior pena em meio a onda de novas sentenças no caso de sedição

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Boa Vista

O ex-líder do grupo extremista de direita Proud Boys, Enrique Tarrio, foi condenado a 22 anos de prisão por conspiração sediciosa relativo ao seu papel na invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, que teve por objetivo impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições do ano anterior para a Presidência dos Estados Unidos. A defesa de Tarrio afirmou que vai recorrer da decisão.

A pena é a maior dada até o momento a algum dos mais de 1.100 acusados no caso federal relativo ao ataque, quando milhares de apoiadores então presidente Donald Trump invadiram o Congresso insuflados pelo republicano sob a acusação de que o pleito havia sido fraudado. O ataque deixou cinco mortos e centenas de feridos.

Enrique Tarrio, ex-líder do grupo extremista Proud Boys, em protesto em dezembro de 2020, em Washington D.C
Enrique Tarrio, ex-líder do grupo extremista Proud Boys, em protesto em dezembro de 2020, em Washington D.C - Stephanie Keith - 12.dez.2020/Getty Images/AFP

"Foi um ato calculado de terrorismo. Ele praticou e endossou o uso de desinformação", afirmaram os procuradores, que haviam pedido uma pena maior, de 33 anos, para Tarrio, durante a audiência no tribunal do distrito de Columbia.

"Tarrio era o principal líder daquela conspiração, o principal organizador, motivado por entusiasmo revolucionário", disse o juiz Timothy Kelly.

Dois dias antes do ataque, o ex-líder do grupo havia sido preso acusado de roubar e queimar um cartaz do movimento Black Lives Matter em uma igreja. Solto no dia 5, véspera da invasão do Capitólio, ele continuou a estimular a ação violenta no Congresso a distância e, em redes sociais e em conversas privadas, vangloriou-se de sua participação, segundo a acusação.

Em meio às investigações sobre o caso, em março deste ano, ele foi preso novamente, junto de outros integrantes ativos do Proud Boys. Em maio, um júri condenou ele e mais quatro membros pelo crime cuja sentença foi definida nesta terça.

O FBI descreve o Proud Boys como um "grupo extremista com laços com o nacionalismo branco". Para a organização, que só aceita homens entre seus membros, o modo de vida ocidental está em perigo e precisa ser defendido da ameaça representada por estrangeiros, especialmente os muçulmanos.

O grupo foi criado em 2016 por Gavin McInnes, cofundador do conglomerado Vice Media, e chamou a atenção por confrontar, com violência, manifestantes antirracismo.

No segundo semestre de 2020, em meio à campanha para reeleição, Trump virou os holofotes para o Proud Boys ao mencioná-lo em um debate com Biden. Na ocasião, ele afirmou "Proud Boys, stand back and stand by", algo como "afastem-se e esperem", mas que pode também pode ser entendido como "afastem-se e fiquem de prontidão" —a menção em rede nacional foi celebrada pelos integrantes.

Atualmente, o próprio ex-presidente, favorito do Partido Republicano para a corrida presidencial do ano que vem, é alvo de investigação em caso que apura as tentativas de reverter sua derrota na eleição de 2020, um dos quatro casos criminais dos quais ele é réu.

A condenação de Tarrio é a mais recente de uma série de sentenças determinadas para membros do grupo de extrema direita. Na última quinta-feira (31), Joseph Biggs, figura proeminente do grupo, e Zachary Rehl foram condenados a 17 e 15 anos, respectivamente, pela participação na invasão —a acusação buscava penas também na casa dos 30 anos para ambos.

Na quarta-feira (1º), outros dois receberam penas de dois dígitos pelo assalto: 18 anos para Ethan Nordean, considerado um dos comandantes do Proud Boys, e 10 anos para Dominic Pezzola, responsável por quebrar uma janela no início do ataque usando um escudo policial roubado, o que representou a primeira brecha de segurança do edifício.

Em maio, também foi condenado a 18 anos de prisão Stewart Rhodes, líder de outro grupo de extrema direita no país, o Oath Keepers, que também participou da invasão.

O Oath Keepers (guardiões do juramento) é uma milícia relativamente pouco organizada de ativistas que dizem acreditar que o governo está usurpando seus direitos. O grupo se concentraa no recrutamento de policiais e ex-agentes, trabalhadores de serviços de emergência e militares. A organização foi fundada em 2009 por Rhodes, que é ex-militar.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.