Descrição de chapéu Governo Biden

Justiça dos EUA condena líder de extrema direita por sedição em ataque ao Capitólio

Acusação a membros do grupo Oath Keepers era considerada a mais séria ligada ao 6 de Janeiro

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São Paulo

A Justiça dos EUA condenou nesta terça (29), por conspiração sediciosa, Stewart Rhodes, líder do grupo de extrema direita Oath Keepers. Trata-se da acusação mais séria ligada à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, um dos maiores ataques da história recente à democracia americana.

O crime é definido como tentativa de depor, derrubar ou destruir à força o governo, com sentença máxima de 20 anos de prisão. Além de Rhodes, Kelly Meggs, que coordenava o braço do Oath Keepers na Flórida, também foi condenada por sedição —outros três réus foram considerados inocentes dessa acusação.

Stewart Rhodes, líder do Oath Keepers, aparece em telão durante comissão na Câmara dos EUA que investiga o 6 de Janeiro
Stewart Rhodes, líder do Oath Keepers, aparece em telão durante comissão na Câmara dos EUA que investiga o 6 de Janeiro - Brendan Smialowski - 9.jun.22/AFP

Os veredictos, após três dias de deliberações, são vistos como uma vitória do Departamento de Justiça e a primeira vez, em quase 20 julgamentos relacionados ao caso, que um júri considerou a violência do 6 de Janeiro o produto de uma conspiração organizada, segundo o jornal americano The New York Times.

Cerca de 900 pessoas, em quase todos os 50 estados americanos, são acusadas de envolvimento no ataque. Investigações em diferentes instâncias continuam em andamento —inclusive em uma comissão bipartidária do Congresso, que busca apurar a responsabilidade de integrantes do governo à época.

Os Oath Keepers (guardiões do juramento) são uma milícia relativamente pouco organizada de ativistas que dizem acreditar que o governo está usurpando seus direitos. Eles se concentram no recrutamento de policiais e ex-agentes, trabalhadores de serviços de emergência e militares. A organização foi fundada em 2009 por Rhodes, que é ex-militar. Ele foi preso em janeiro deste ano.

Durante o processo, procuradores disseram que, no fim de dezembro de 2020, Rhodes usou meios de comunicação privados criptografados para organizar sua ida à capital americana em 6 de janeiro. Ele e outras pessoas planejaram levar armas para o local para ajudar no apoio da operação.

"[Os acusados] organizaram deslocamentos de todo o país até Washington, equiparam-se com todo o tipo de armamento, vestiram uniformes de combate e estavam prontos para responder ao chamado às armas de Rhodes", defendeu a acusação. Integrantes do Oath Keepers, muitas vezes fortemente armados, são vistos com frequência em protestos e eventos políticos nos EUA.

A invasão do Capitólio levou apoiadores do então presidente Donald Trump a uma tentativa fracassada de impedir o Congresso de certificar a vitória de Joe Biden. O ataque ocorreu pouco após um discurso no qual o republicano repetiu acusações sem fundamento de que a derrota foi fruto de fraude generalizada. Ele então instou apoiadores a irem ao Capitólio "lutar como nunca" para impedir que a certificação.

Trump, que neste mês anunciou uma nova pré-candidatura à Presidência, foi intimado pelo comitê da Câmara a apresentar sua versão sobre o episódio, que deixou cinco mortos, mas não compareceu até o último dia 14, data estabelecida como limite.

O testemunho sempre foi tido como incerto. Parecer da Suprema Corte garante a ex-presidentes o chamado privilégio executivo, mecanismo que, em alguma medida, os protege de prestar depoimentos. O colegiado entendia, porém, que há limites para o acionamento do dispositivo, citando casos em que outros ex-presidentes testemunharam em órgãos semelhantes.

O crime de conspiração sediciosa também apareceu com destaque nos EUA em 1987, quando autoridades federais abriram processos contra líderes e membros de um grupo neonazista conhecido como The Order (a ordem). Foram indiciados 14 supostos membros ou apoiadores, dez dos quais enfrentaram acusações do gênero. Após um julgamento de dois meses, o júri inocentou todos os réus.

Com Reuters

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