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Ex-oficial colombiano se declara culpado por assassinato do presidente do Haiti

German Rivera admite à Justiça dos EUA ter participado dos planos para matar Jovenel Moïse a tiros em 2021

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Reuters

Um oficial reformado do Exército da Colômbia se declarou culpado em um tribunal dos Estados Unidos nesta quinta-feira (7) por conspirar e apoiar um plano para matar o então presidente do Haiti Jovenel Moïse.

O líder haitiano tinha 53 anos quando foi assassinado a tiros em sua residência privada, em Porto Príncipe, em julho de 2021. Sua morte, até hoje não completamente esclarecida, agravou a espiral de crises que atinge o Haiti, criando um vácuo de poder no país marcado também pela instabilidade política.

O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, durante entrevista coletiva em Porto Príncipe
Jovenel Moïse, presidente do Haiti até ser assassinado em 2021, durante entrevista coletiva em Porto Príncipe no ano anterior - Chandan Khanna - 7.jan.20/AFP

De acordo com o arquivo judicial apresentado na corte americana, German Rivera, conhecido como Coronel Mike, fazia parte do comboio que se dirigia à casa de Moïse na capital haitiana no dia do assassinato, dias depois de transmitir informações de que o plano não era sequestrar o presidente, mas sim matá-lo.

O documento também afirma que Rivera forneceu apoio material, treinamento e pessoal para apoiar o sequestro ou assassinato de Moïse. O processo criminal detalha três acusações de apoio material ao plano e de conspiração.

Rivera é um dos 11 réus no caso, que inclui empresários acusados de ajudar a obter veículos e armas da Flórida. A declaração de culpa do oficial colombiano se soma à de Rodolphe Jaar, cidadão haitiano-chileno, que em junho foi condenado à prisão perpétua depois de afirmar que havia fornecido fundos que foram usados para comprar armas e subornar a equipe de segurança do presidente. A audiência de sentença de Rivera está marcada para 27 de outubro no Tribunal Distrital dos Estados Unidos em Miami.

"A batalha por justiça está se intensificando", escreveu Martine Moïse, viúva do falecido presidente, que também foi baleada durante o ataque em 2021, na plataforma X (ex-Twitter). "Ela continuará enquanto as pessoas, sedentas por justiça, não obtiverem os resultados esperados."

Desde a morte do presidente, gangues armadas —outro problema crônico no Haiti— expandiram enormemente seu controle por toda a nação caribenha. De acordo com o Banco Mundial, o Haiti é o país mais pobre das Américas e figura entre os mais pobres do mundo.

A escalada da guerra territorial, em grande parte centrada na capital, tem causado uma crise humanitária, forçando cerca de 200 mil pessoas a se deslocarem internamente, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas, em meio a tiroteios frequentes, sequestros e violência sexual.

O agravamento da situação fez a ONU intensificar pedidos para que a comunidade internacional se volte a uma das maiores crises humanitárias do Ocidente. Em relatório, a organização contabilizou ao menos 531 pessoas mortas e outras 277 sequestradas de janeiro a maio em casos ligados à violências das gangues.

Enquanto isso, o governo do primeiro-ministro Ariel Henry —em crise de legitimidade, visto que o país não está sendo governado por representantes eleitos— patina para tentar se livrar de acusações de corrupção.

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