George Santos se declara inocente de novas acusações nos EUA

Deputado republicano de Nova York de origem brasileira ainda pode ser expulso da Câmara em votação na semana que vem

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Grace Ashford
Nova York | The New York Times

Há cinco meses, quando fez sua primeira aparição em tribunal federal após sua acusação criminal, George Santos, o deputado republicano de Nova York, de origem brasileira, estava no modo George Santos completo —negando qualquer irregularidade, repreendendo seus críticos e prometendo provar sua inocência.

Mas nesta sexta-feira (27), quando voltou ao Tribunal Distrital dos Estados Unidos em Central Islip, também em Nova York, para se declarar inocente de dez novas acusações criminais, ele parecia menos interessado em chamar a atenção e saiu sem falar com a multidão de repórteres reunidos do lado de fora.

No entanto, muita coisa mudou desde maio.

O deputado republicano George Santos saindo do tribunal federal em Central Islip, Nova York, ao lado do advogado, Joe Murray
O deputado republicano George Santos saindo do tribunal federal em Central Islip, Nova York, ao lado do advogado, Joe Murray - Spencer Platt/Getty Images/AFP

Desde então, Santos viu dois de seus ex-assessores de campanha serem acusados formalmente, seus colegas republicanos na Câmara têm pressionado para expulsá-lo do Congresso, e agora ele enfrenta uma nova série de acusações criminais que revelam um amplo padrão de comportamento criminoso durante sua campanha em 2022.

As novas acusações foram apresentadas neste mês, num documento que descreve esquemas adicionais, incluindo um empréstimo pessoal fraudulento de US$ 500 mil para sua campanha e dezenas de milhares de dólares em cobranças não autorizadas nos cartões de crédito dos doadores. Duas das acusações de roubo de identidade agravado têm uma pena mínima obrigatória de dois anos.

Na audiência, a juíza Joanna Seybert aprovou uma série de questões menores e definiu uma data provisória para o julgamento: 9 de setembro de 2024. Os promotores haviam pedido uma data anterior, sugerindo maio ou junho, dada a condição de congressista de Santos e o "enorme interesse público do caso". No entanto, a juíza se manteve firme, afirmando que tinha uma série de outros casos.

A data do julgamento anunciada foi recebida com gemidos audíveis de um pequeno grupo de eleitores. Após a audiência, essas pessoas —muitas delas membros do grupo Cidadãos Preocupados de NY-03, que tem sido expressivo em pedir a renúncia de Santos—, disseram que mereciam uma solução mais imediata.

"O fato de ele não enfrentar a justiça até o próximo ano, isso é nojento. Quer dizer, onde está a justiça para nós?", disse Susan Naftol, membro do comitê de direção do grupo. Naftol, que não votou em Santos, afirmou: "Estamos pagando o salário dele!"

No entanto, o destino de Santos na Câmara pode ser decidido fora dos tribunais. Na quinta-feira (26), um de seus colegas republicanos de Long Island, o deputado Anthony D'Esposito, apresentou uma resolução para expulsar Santos, e ela pode chegar ao plenário já na próxima semana.

A resolução, que menciona tanto a acusação de 23 crimes contra Santos quanto suas numerosas mentiras biográficas, não é a primeira tentativa de removê-lo da Câmara, mas é a primeira a ser conduzida por membros de seu próprio partido.

Mesmo assim, o resultado é incerto. Para expulsar Santos, é necessário uma maioria de dois terços —todos os democratas teriam que votar a favor da expulsão e dezenas de republicanos teriam que se voltar contra seu colega.

Não está claro como a liderança republicana verá a tentativa de expulsar Santos. Seu distrito, que inclui partes de Long Island e Queens, já era um alvo dos democratas, e a maioria republicana na Câmara é pequena.

O recém-eleito presidente da Câmara, Mike Johnson, não comentou o assunto, apesar do apoio de Santos à sua candidatura.

Santos permaneceu firme em sua própria defesa, rejeitando as acusações contra ele e declarando sua intenção de concorrer à reeleição em 2024. Pouco depois de o movimento de seu colega ser registrado na quinta-feira, Santos declarou no X, ex-Twitter, que não estava renunciando e tinha "direito ao devido processo e não a um resultado predeterminado como alguns estão buscando".

Na sexta-feira, esse devido processo foi em grande parte burocrático. Santos —com seu conhecido uniforme de suéter e blazer complementado por um par de elegantes mocassins vermelhos— solicitou que as condições de sua fiança fossem alteradas para permitir que ele entrasse em contato com vários parentes que são identificados como testemunhas no caso. Um juiz concordou.

Grande parte da audiência foi dedicada a saber se Santos manteria seu advogado, Joseph Murray, cujos vínculos com outras testemunhas no caso, incluindo Nancy Marks, ex-tesoureira de campanha do congressista, haviam criado o potencial de um conflito de interesses.

Murray havia levantado a questão aos promotores, também revelando que havia sido consultado por outra pessoa envolvida no caso, identificada nos documentos como "Pessoa #1" —um operador político com base no Queens que os promotores dizem ter ajudado Santos a solicitar US$ 50 mil em doações falsas por meio de uma organização sem fins lucrativos falsa.

Na sexta-feira, Murray anunciou sua intenção de trazer dois novos advogados para a equipe de defesa e se isolar de possíveis conflitos. Santos e o governo aprovaram o acordo, o que significa que ele continuará sendo representado por Murray. A decisão também significa que Santos renunciou ao direito de levantar a questão em recurso.

O congressista deve comparecer ao tribunal novamente em 12 de dezembro.

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