Zelenski diz que conflito de Israel e Hamas tira foco da Guerra da Ucrânia

Presidente ucraniano faz afirmação durante visita da líder da Comissão Europeia a Kiev

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Kiev | Reuters

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou neste sábado (4) que o conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas deixou a Guerra da Ucrânia em segundo plano. A afirmação foi feita numa entrevista ao lado da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que faz visita oficial a Kiev.

"Está claro que a guerra no Oriente Médio, esse conflito, está tirando o foco", afirmou o líder ucraniano.

Ursula von der Leyen e Volodimir Zelenski em reunião em Kiev - Serviço de Imprensa da Ucrânia via AFP

Von der Leyen disse que iria conversar com Zelenski sobre apoio financeiro "para reconstruir a Ucrânia como uma democracia moderna e próspera". Na semana que vem, a União Europeia deve divulgar uma atualização sobre o processo de entrada da Ucrânia no bloco, que começou dias após a eclosão da guerra contra a Rússia, em fevereiro de 2022.

Segundo Zelenski, o país está empenhado em prosseguir com reformas, dentre as quais o fortalecimento das práticas anticorrupção, exigidas para que o país se torne membro da UE.

Von der Leyen também abordará outros temas, como o apoio militar dos europeus à Ucrânia e um novo pacote de sanções da União Europeia contra a Rússia —que já está sendo preparado, de acordo com a líder.

Esta é a sexta visita dela à Ucrânia desde o início da invasão russa. "A mensagem mais importante é reafirmar que estaremos ao lado da Ucrânia o tempo que for necessário", enfatizou ela. "É verdade que a atenção do mundo está mais focada agora no Oriente Médio, mas eu já tinha planejado essa viagem [a Kiev] há muito tempo."

Na quinta-feira (2), o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, general Valeri Zalujni, afirmou para a revista britânica The Economist que a contraofensiva da Ucrânia contra as forças de ocupação da Rússia em seu território fracassou em seu objetivo principal, cinco meses após ser lançada, colocando em dúvida a eficácia do apoio maciço dado pelo Ocidente à ação.

"Assim como na Primeira Guerra Mundial, chegamos a um ponto em que a tecnologia nos colocou em um impasse", afirmou. "Provavelmente não haverá nenhum avanço profundo e bonito", disse, da antecipada campanha iniciada no dia 4 de junho pelos ucranianos.

Esta é a mais dura avaliação ucraniana dos problemas da contraofensiva, que já eram relatados havia meses. As linhas defensivas russas ao longo dos principais focos da ação, no sul e no leste do país, eram muito mais fortes que o antecipado.

Antes mesmo do início da guerra entre Israel e o Hamas, o temor da perda de apoio ocidental para a Ucrânia contra a Rússia levou os chanceleres da UE a Kiev, no começo de outubro, na primeira ocasião em que um encontro deste tipo ocorreu em um país que não integra o bloco.

"Eu estou certo de que a Ucrânia e todo o mundo livre são capazes de vencer esse confronto. Mas nossa vitória depende diretamente da cooperação com vocês", afirmou Zelenski na ocasião, num momento em que líderes de países questionam os valores doados à defesa ucraniana.

No fim do mês, a Eslováquia elegeu um governo que promete cessar o fornecimento de armas à Ucrânia. A Hungria já havia descartado ajudar Kiev, e seu premiê se reuniu com Putin na China no mês passado.

Nos EUA, o atual presidente da Câmara é apoiador do ex-presidente Donald Trump, que já disse ser contra continuar com o apoio maciço aos ucranianos. O republicano deverá tentar voltar ao cargo em possível disputa com Joe Biden no ano que vem.

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