Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Reféns israelenses mortos por engano seguravam bandeira branca, diz investigação

Caso aconteceu em área de combate intenso em que terroristas do Hamas usavam trajes civis, diz porta-voz do Exército

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jerusalém | Reuters

Os três reféns israelenses que foram mortos por engano na Faixa de Gaza pelo Exército de Israel estavam segurando uma bandeira branca antes de serem atingidos, segundo uma investigação inicial sobre o caso.

As forças israelenses afirmaram nesta sexta-feira (15) que mataram de forma acidental três pessoas que haviam sido sequestradas pelo grupo terrorista Hamas e eram mantidas em cativeiro no território.

Fumaça depois de bombardeio israelense sobre Khan Yunis, na Faixa de Gaza
Fumaça depois de bombardeio israelense sobre Khan Yunis, na Faixa de Gaza - Said Khatib/AFP

O caso ocorreu em uma área de combate intenso ao leste da Cidade de Gaza em que terroristas do Hamas usavam trajes civis como tática para confundir os militares, segundo um porta-voz israelense. Um soldado teria sido surpreendido pelos reféns que surgiram a poucos metros das forças invasoras na área de Shejaiya. Segundo a investigação, eles estavam sem camisa e com uma bandeira branca feita com um pano pendurado em um bastão.

Um soldado se sentiu ameaçado e abriu fogo, matando dois reféns na hora. O terceiro refém ficou ferido e se abrigou em um prédio, onde pediu ajuda em hebraico.

Nesse momento, o comandante do batalhão emitiu uma ordem de cessar-fogo, mas houve outra rajada de tiros em direção à terceira pessoa, que morreu na sequência, aponta a investigação. Isso, segundo o porta-voz, configura um erro na operação.

Eles foram identificados como Samer Talalka, Yotam Haim e Alon Lulu Shamriz. Todos haviam sido sequestrados na mega-ação terrorista do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos e cerca de 250 reféns e disparou o atual conflito.

Neste sábado (16), o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que está de "coração partido" após a morte dos três reféns. Apesar disso, afirmou que as Forças Armadas devem manter a pressão militar para conseguir resgatar todos os reféns e vencer a guerra contra o Hamas.

"Isso me deixou com o coração partido. Deixou toda a nação com o coração partido", disse Netanyahu durante entrevista coletiva.

"Apesar deste infortúnio, quero lembrar uma coisa: a pressão militar é necessária para conseguir o retorno dos reféns e alcançar a vitória contra os nossos inimigos", acrescentou o primeiro-ministro.

O incidente aumenta a pressão doméstica sobre o governo de Netanyahu, que vem sendo cobrado pelos parentes dos sequestrados em protestos diários. Na trégua de sete dias que fez com o Hamas no mês passado, Israel conseguiu trocar 78 reféns israelenses por 240 prisioneiros palestinos. Na pausa, 24 estrangeiros e 3 russo-israelenses também foram soltos —antes, 4 havia sido soltos pelo Hamas e 1, resgatado

Há um número incerto de mortos. O Hamas afirmou que bombardeios israelenses já mataram diversos reféns, mas não há comprovação até aqui. Esta é a primeira vez que Israel confirma um incidente do tipo.

O Exército prometeu transparência total na investigação do caso e manifestou "profundo remorso pelo trágico incidente". Lembrou que os riscos existem, dada a natureza do combate. "É uma tragédia insuportável", afirmou Netanyahu na plataforma X.

Guerra urbana está mais intensa

A guerra está aprofundada em diversos centros do Hamas espalhados pela Faixa de Gaza e vem se tornando mais mortífera também para Tel Aviv. O subúrbio de Shejaiya é palco de intensos combates e registrou, na véspera, a morte de dois altos oficiais e sete soldados israelenses, a maior baixa de Israel em um só dia até aqui.

Nos labirintos de túneis e ruínas, as forças de Israel são particularmente suscetíveis a emboscadas. A atual guerra já matou 110 militares israelenses, ante 66 do conflito anterior, de 2014. O Hamas está mais bem equipado, com mísseis antitanque russos contrabandeados por meio do Irã, provavelmente pelo mar.

Com efeito, cerca de 25% dos soldados mortos estavam dentro de tanques e blindados operando em Gaza, algo que nenhum governante israelense havia feito desde que o Hamas tomou o controle do território de seus rivais da Autoridade Nacional Palestina, em 2007.

Antes, nesta sexta (15), Israel havia recuperado os corpos de mais um civil e de dois soldados que estavam como reféns. Com isso, ainda estão em poder do Hamas 126 pessoas, mas não se sabe quantas estão de fato vivas.

A contagem macabra da guerra é, claro, pior para os palestinos, que contam 18,6 mil mortos até aqui desde o início do conflito. Não se sabe quantos deles são civis e quantos, do Hamas, já que o Ministério da Saúde, ligado ao grupo, apenas os designa como "mártires".

Esse resultado tem deixado Israel sob intensa pressão externa. Mesmo Joe Biden, maior aliado do país, já afirmou nesta semana que Tel Aviv está perdendo apoio internacional devido à alta taxa de morte de civis no conflito e aumentou a pressão para mitigar as baixas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.