Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Tumulto em distribuição de ajuda humanitária na Cidade de Gaza deixa cinco mortos

Crescente Vermelho afirma que outras 30 ficaram feridas; segundo navio com ajuda humanitária deixa o Chipre

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Jerusalém | AFP

Cinco palestinos morreram neste sábado (30) durante uma distribuição de alimentos na Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza, segundo o Crescente Vermelho, equivalente à Cruz Vermelha no mundo islâmico.

De acordo com a organização, 3 das 5 pessoas morreram por disparos. Outras 30 ficaram feridas em um tumulto enquanto a comida era distribuída. O Exército de Israel afirmou que não tinha informações sobre o ocorrido.

Três embarcações são vistas em alto mar
A embarcação Jenifer, parte de três navios que transportam ajuda alimentar para a Faixa de Gaza, deixa o Chipre - Iakovos Hatzistavrou/AFP

Imagens mostram caminhões buzinando enquanto se ouviam disparos em um cenário de caos, em que algumas pessoas teriam sido atropeladas. Testemunhas entrevistadas pela agência de notícias AFP dizem que membros dos "comitês de proteção", responsáveis por supervisionar a distribuição da ajuda humanitária, atiraram para o alto e feriram várias pessoas.

Após quase seis meses de guerra, a maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza está à beira da fome, segundo as Nações Unidas.

Alertas de diversas organizações humanitárias de que pelo menos um quarto da população pré-guerra da Faixa de Gaza enfrenta "níveis catastróficos de insegurança alimentar" têm aumentado a pressão para que esse fluxo de ajuda aumente consideravelmente.

"Não temos comida nem água suficientes", disse na sexta-feira (29) à AFP Amany, uma palestina de 44 anos, mãe de sete filhos, refugiada no campo de Shati, na Cidade de Gaza.

Na quinta-feira (28), a Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais conhecida como Corte de Haia, ordenou de forma unânime que Israel tome todas as medidas necessárias para garantir o fornecimento de alimentos básicos à população na Faixa de Gaza.

Tel Aviv mantém Gaza sob cerco total desde o início do conflito, em 7 de outubro, restringindo a entrega de carregamentos alegando que parte dos materiais pode representar um risco à sua própria segurança.

Diante do risco da fome, uma segunda embarcação com ajuda humanitária saiu da ilha de Chipre com destino a Gaza carregando 400 toneladas de insumos. As agências da ONU afirmam, porém, que os lançamentos aéreos e o corredor marítimo aberto entre Chipre e Gaza são insuficientes para aliviar as necessidades da população.

Com o cenário se agravando, a comunidade internacional vem buscando alternativas à entrega de suprimentos por terra. No início de março, assim, os Estados Unidos seguiram uma estratégia que já vinha sendo usada pela França e pela Jordânia e realizaram pela primeira vez a distribuição de ajuda humanitária por via aérea, lançando 38 mil refeições sobre a faixa de terra em paraquedas.

Na terça-feira (26) ao menos 12 palestinos morreram afogados ao tentarem buscar pacotes de ajuda humanitária lançados por aviões em um local na costa da Faixa de Gaza, informaram as autoridades de saúde do território, ligadas ao Hamas.

Vídeos obtidos pela agência de notícias Reuters mostram uma multidão correndo em direção à praia em Beit Lahia, no norte do território palestino, ao avistarem caixotes com suprimentos sob paraquedas se aproximando do oceano, e o adentrando para buscá-los. As pessoas avançam cada vez mais no mar, porém, e, depois, corpos são trazidos de volta para a areia.

No início de março, pacotes com ajuda humanitária atingiram civis e mataram pelo menos cinco pessoas.

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou neste sábado que com apenas dez hospitais minimamente funcionais na Faixa de Gaza, milhares de pacientes estão privados de atendimento médico.

"Cerca de 9.000 pessoas precisam urgentemente ser removidas para receber atendimento que pode salvar suas vidas, incluindo tratamento de câncer, diálise e doenças crônicas, além de ferimentos causados por bombas", disse.

O cenário de fome coexiste com uma operação do Exército de Israel no entorno do hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, há mais de uma semana, sob a justificativa de que as instalações abrigam integrantes do Hamas —algo que funcionários do centro médico e o grupo terrorista negam.

Ao mesmo tempo, também neste sábado, milhares protestaram em Israel para pressionar o governo de Binyamin Netanyahu pedindo um acordo que possibilite a libertação de reféns em poder do Hamas. As manifestações tiveram confronto com a polícia, bloqueios de estradas e resultaram em ao menos 16 pessoas presas.

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