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Rússia prende jornalista que cobriu julgamento de Alexei Navalni por extremismo

Antonina Favorskaia é acusada de participar de organização do opositor de Putin; Kremlin detém outros 5 profissionais

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Boa Vista

O Kremlin mantém sob custódia a jornalista Antonina Favorskaia, acusada de participação em uma organização extremista por supostamente coletar, editar e publicar material para a Fundação Anticorrupção, grupo criado por Alexei Navalni e listado entre instituições classificadas pelo governo russo de radicais.

Favorskaia foi a responsável por filmar o último vídeo do opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin, segundo o britânico The Guardian, e cobriu o seu julgamento. Navalni morreu em fevereiro em condições ainda pouco esclarecidas, enquanto cumpria pena de 30 anos em uma cadeia na região de Iamalo-Nenets, no Ártico.

A jornalista Antonina Favorskaia detida em tribunal de Moscou
A jornalista Antonina Favorskaia detida em tribunal de Moscou - Yulia Morozova - 29.mar.2024/Reuters

A jornalista foi interrogada na quarta-feira (27) em um centro de detenção onde passou dez dias por desobedecer a ordens policiais, segundo a SOTAvision, veículo independente com o qual Favorskaia colabora.

Depois, continuou sob detenção e foi novamente acusada, desta vez por participar de organização extremista. Em audiência fechada nesta sexta-feira (29), juízes ordenaram que ela permaneça em prisão temporária ao menos até 28 de maio.

Favorskaia e sua defesa protestaram. "Sou completamente contra um processo fechado. A imprensa precisa saber o que está acontecendo aqui, do que estou sendo acusada", disse ela segundo o site independente Mediazona.

Duas colegas que pretendiam acompanhar a libertação da jornalista, Alexandra Astakhova e Anastasia Musatova, também foram presas, de acordo com a SOTAvision.

Segundo o grupo independente OVD-Info, mais dois profissionais de imprensa foram detidos nesta quinta-feira (28) quando filmavam perto da casa de Favorskaia. São eles Ekaterina Anikievitch, também da SOTAvision, e Konstantin Jarov, da RusNews, que afirmou ter sido agredido por policiais.

Na cidade de Ufa, 1.300 km a leste de Moscou, a jornalista Olga Komleva, da RusNews, também foi presa e acusada de extremismo e participação na fundação de Navalni, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras. Forças de segurança invadiram as residências de alguns dos detidos.

Kira Iarmich, assessora de Navalni, disse que Favorskaia não publicou nada nas plataformas da Fundação Anticorrupção. "Mesmo que descartemos a falsidade da acusação, sua essência permanece: a jornalista está sendo acusada de fazer o trabalho de jornalista", escreveu Iarmich no X.

A repressão política e a profissionais de imprensa na Rússia explodiu após o início da Guerra da Ucrânia, no início de 2022, segundo ONGs que monitoram o tema.

Esta semana marca também um ano desde a prisão de Evan Gerchkovitch, repórter do jornal americano The Wall Street Journal detido por suposta espionagem.

Gerchkovitch foi preso na cidade de Ekaterimburgo pelo FSB, o serviço secreto russo. Principal herdeiro da KGB soviética, o órgão acusa o jornalista de coletar segredos militares sob ordem dos Estados Unidos —que, assim como o Wall Street Journal, nega a acusação. Essa foi a primeira prisão de um jornalista americano por espionagem em solo russo desde a Guerra Fria.

A Justiça, no entanto, segue negando recursos em audiências fechadas e estendendo a detenção provisória de Gerchkovitch, que está preso na cadeia de Lefortovo, em Moscou. Ele não tem acesso a ligações telefônicas, segundo amigos, e só deixa sua cela diariamente por uma hora para fazer exercícios.

Com AFP

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