O ano de 2018 tornou evidente que é hercúlea a tarefa de fazer frente às informações falsas que muitas vezes fundamentam decisões políticas e permeiam debates públicos.
No mundo polarizado, as mentiras se espalham mascaradas de verdade, em uma velocidade muito maior do que as empresas de checagem de fatos —ou mesmo o jornalismo, de modo geral— são capazes de reagir. Assim, mexem com a vida de milhões. Alteram destinos e colocam em risco a democracia de um país.
Neste 2 de abril, a comunidade de checadores celebra em todo o mundo o Dia Internacional do Fact-Checking Day ciente de que a tarefa de buscar a verdade não pode ficar restrita às mais de 150 iniciativas de verificação reunidas em torno da International Fact-Checking Network (IFCN).
Por conta disso, a entidade que representa mundialmente esse relevante setor faz hoje uma ponte com educadores em todo planeta. Chama os professores —de todos os níveis— a se tornarem checadores de fatos e a repassarem a seus alunos técnicas básicas de verificação.
De forma inédita, entra no ar hoje, no site FactCheckingDay.com, o resultado de um minucioso levantamento mundial feito pela plataforma argentina Chequeado. Trata-se do EduCheckMap, o primeiro mapa-múndi a oferecer acesso a cerca de 200 atividades (vídeos, planos de aula etc.) que os professores podem usar para ensinar seus alunos a chegar à verdade nos fatos. Há material em 15 línguas —inclusive em português, feito pela Agência Lupa.
Desde abril de 2017, a demanda por treinamento em fact-checking já fez com que o programa LupaEducação passasse por 15 estados, além do Distrito Federal, e cruzasse o oceano, oferecendo oficinas em Portugal e na Espanha.
Mais de 4.000 pessoas já fizeram essa imersão e conheceram técnicas básicas de checagem, entre elas cem alunos de escolas do ensino médio do Rio de Janeiro. O Brasil, no entanto, é muito maior do que isso. Daí a importância do EduCheckMap e do movimento da IFCN de estender a mão e convocar os professores a, junto com os checadores, lutar contra a desinformação.
A checagem de fatos, ou a simples busca pela verdade, dá trabalho e consome tempo. Exige que o indivíduo conheça e saiba navegar em bancos de dados e registros históricos. Demanda domínio de ferramentas modernas que comparam imagens e vídeos e indicam se eles foram manipulados.
Não é um conhecimento que se adquire da noite para o dia. Não é um conhecimento que está previsto no currículo de escolas e universidades do Brasil. Então que o interesse por esse assunto seja despertado em sala de aula pelos professores. Com todo o apoio da comunidade de fact-checkers.
Uma educação necessária
Checadores e professores juntos contra as fake news
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