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Tensão no golfo

Comunidade internacional deve agir para evitar embate entre Estados Unidos e Irã

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Donald Trump conversa com jornalistas na Casa Branca; americano chegou a autorizar ataque contra alvos iranianos, mas depois desistiu
Donald Trump conversa com jornalistas na Casa Branca; americano chegou a autorizar ataque contra alvos iranianos, mas depois desistiu - Ting Shen/Xinhua

Após anos de embates indiretos e sanções econômicas, Estados Unidos e Irã se aproximaram perigosamente de um confronto armado ao longo dos últimos dias.

Na quinta-feira (20), o país asiático derrubou um drone de espionagem americano não tripulado que teria violado o seu espaço aéreo. Os EUA afirmam, no entanto, que a aeronave sobrevoava águas internacionais, e o presidente Donald Trump classificou o ato como um “erro muito grande”.

No dia seguinte, o republicano autorizou um ataque militar contra três alvos iranianos, mas desistiu da investida dez minutos antes do início, segundo seu relato, ao ser informado de que a operação poderia provocar 150 mortes. 

Em lugar de um ataque convencional, o revide americano veio na forma de uma ofensiva cibernética com o objetivo de desabilitar sistemas utilizados para controlar lançamentos de mísseis e foguetes adversários. Na segunda (24), Trump impôs novas sanções ao Irã —cujo presidente reagiu chamando a Casa Branca de “retardada mental”.

O atual confronto entre os países vem se desenvolvendo há pouco mais de um ano, desde que Trump retirou os EUA do acordo nuclear firmado em 2015 ao lado de China, Rússia, França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia.

Pelo pacto, a nação persa limitaria o seu programa atômico em troca da retirada de entraves econômicos. Para o governo Trump,  o arranjo é ineficaz —embora a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU atestasse o cumprimento dos compromissos.

Em resposta, o Irã passou a aumentar seu estoque de urânio de baixo enriquecimento e deve violar o limite imposto no acordo.

O clima piorou em maio, quando quatro navios petroleiros foram atacados num porto dos Emirados Árabes. Há duas semanas, o mesmo se repetiu próximo dali com outras duas embarcações. Os EUA culpam os oponentes pelos dois episódios, a despeito do resultado inconclusivo das investigações. 

Um embate militar não só pode produzir efeitos catastróficos na região do golfo como desestabilizar a economia global, dado que um terço de todo o óleo bruto do planeta transita pelo estreito de Hormuz, na costa do país asiático.

Diante de tais riscos, a comunidade internacional deve agir para arrefecer as tensões. A reunião sobre o acordo nuclear marcada para 28 de junho em Viena com autoridades de França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia oferece uma oportunidade. Daí pode advir —espera-se— algo que vem faltando na disputa: diplomacia.

editoriais@grupofolha.com.br

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