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Educação perdida

Relatório da Câmara detalha inépcia de Weintraub em pasta crucial do Executivo

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub usa óculos escuros com estética de memes da internet - Reprodução - 18.out.19

Embora enfrente concorrência acirrada, a educação talvez seja, dentre todas as áreas de governo, aquela em que a inépcia da administração Jair Bolsonaro se apresenta de modo mais evidente.

Comandado desde abril pelo boquirroto Abraham Weintraub, após a breve e caótica passagem de Ricardo Vélez, o MEC chega ao fim do ano tendo feito pouco ou nada para combater os problemas que mais afligem o ensino nacional.

O péssimo desempenho foi esmiuçado por uma comissão da Câmara dos Deputados, cujo relatório, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta para um estado de paralisia da pasta, tanto no planejamento quanto na implementação de políticas públicas.

Exemplo claro disso é a nova Política Nacional de Alfabetização. Única meta específica estabelecida pelo ministério nos primeiros cem dias de governo, a iniciativa até o momento carece de um plano de ação, bem como de um prazo para chegar às escolas.

O documento da Câmara assinala ainda o atraso na implementação de projetos prioritários, como o Plano Nacional de Educação, conjunto de 20 objetivos a serem cumpridos até 2024, e a Base Nacional Comum Curricular.

O baixo índice de execução orçamentário é outro problema registrado pelo relatório. De janeiro a julho, período analisado pela comissão, diversas ações de apoio à educação básica não receberam recursos, por exemplo. Nesse ponto, ao menos, o MEC pode se escudar nas restrições financeiras que afligem toda a Esplanada.

Entre as causas do pífio desempenho, afirma o documento, encontra-se a alta rotatividade nos cargos comissionados, que persistiu até setembro e se mostra maior que em governos anteriores.

Enquanto relega o enfrentamento das principais mazelas da educação a segundo plano, Weintraub se dedica a promover projetos de agrado do bolsonarismo, como as escolas cívico-militares, e a adular o setor privado, propondo elevar a nota de instituições superiores em troca da cessão de espaço para atividades de ensino básico.

Isso quando não se ocupa de cruzadas ideológicas obscurantistas, propagando seu histrionismo pelas redes sociais, ou se desgasta em ataques retóricos às universidades.

Tudo somado e subtraído, este 2019 configura um ano perdido para a já precária educação pública brasileira. Trata-se de um luxo que o país não pode se permitir.

editoriais@grupofolha.com.br

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