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Pressão na saúde

Aumento das internações psiquiátricas preocupa e desafia o sistema

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Fachada de hospital no interior de São Paulo - Alf Ribeiro/Folhapress

As internações psiquiátricas estão crescendo e já pressionam tanto a rede pública de saúde como a privada, segundo duas reportagens recentes desta Folha sobre o tema.

A primeira mostrou que as internações no modelo hospital-dia cobertas pelos planos de saúde triplicaram entre 2012 e 2018, saltando de 32 mil para quase 100 mil. A segunda revelou que o fenômeno não poupa nem as crianças.

A taxa de hospitalização de jovens entre 10 e 14 anos por causas psiquiátricas passou de 14 para 19 por 100 mil habitantes em cinco anos. Tentativas de suicídio foram determinantes para esse aumento.

Na rede privada, a atenção a transtornos mentais, consideradas internações e consultas em todas as modalidades, representou 27,4% dos atendimentos prestados pelas operadoras em 2018. Eram 16,3% em 2012.

 
Na rede pública, a situação é ainda mais dramática, pois há enorme demanda reprimida pela insuficiência dos serviços disponíveis.

Se a medicina já é marcada pela complexidade, na psiquiatria tudo é ainda mais complicado —e isso inclui a interpretação dos números. O forte aumento nos atendimentos não significa, necessariamente, que o mundo esteja enlouquecendo. Há vários movimentos em curso, nem todos negativos.

Parte do aumento se explica pelo fato de pessoas já não se sentirem tão envergonhadas em procurar ajuda psiquiátrica, o que é bom. Há também motivos para acreditar que as estatísticas melhoraram.

Por preconceito, eventos como tentativas de suicídio eram rotineiramente subnotificados, e os pacientes podiam acabar sem receber o tratamento adequado.

Do lado menos brilhante, há provavelmente algum nível de superdiagnóstico —critica-se muito a banalização da depressão, por exemplo— e é bastante verossímil que a prevalência de pelo menos alguns dos transtornos mentais tenha de fato aumentado. O suicídio entre jovens é especialmente alarmante.

Lidar com essa situação num momento de crise, em que os recursos públicos são cada vez mais escassos e em que as operadoras privadas perdem clientes, não é fácil.

No SUS, é imprescindível otimizar o funcionamento da rede, para reduzir a demanda reprimida. A prevenção, muitas vezes difícil nessa área, é outro vetor relevante. 

Mas o fato é que a maior demanda por serviços de saúde mental é algo que veio para ficar. O sistema terá de aprender a lidar com isso.

editoriais@grupofolha.com.br

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