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Pix

Concorrência à vista

Apesar de pressa e intervencionismo do BC, sistema Pix é iniciativa bem-vinda

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Sede do Banco Central, em Brasília - Marcello Casal Jr. - 30.set.19/Agência Brasil

Num país de baixa concorrência no setor financeiro, a inauguração de um novo ambiente de pagamentos desenvolvido pelo Banco Central tende a abrir espaço para profundas mudanças em breve.

O sistema, chamado Pix, busca viabilizar pagamentos instantâneos, a qualquer hora e de forma segura, moderna e barata. Por meio do cadastro de uma chave individual, que começou a ser realizado nesta semana, qualquer pessoa poderá realizar transações a partir de 13 de novembro.

O Pix será gratuito para operações entre pessoas físicas, mas mesmo no caso das empresas e das próprias instituições financeiras o custo será muito mais baixo do que o atual. Vários procedimentos devem se tornar obsoletos; novos serviços poderão ser criados.

Em lugar de pouquíssimos bancos aptos a realizar transações atualmente, o Banco Central já cadastrou quase 700 participantes no novo sistema —número que, espera-se, crescerá continuamente.

Bancos, fintechs, concessionárias de serviços públicos, varejistas e outros poderão criar suas modalidades de serviços a partir dos pagamentos, ampliando as opções disponíveis para o consumidor.

Pessoas de menor renda hoje sem conta bancária e acesso a outros serviços —basta lembrar que mais de 30 milhões precisaram abrir contas para receber o auxílio emergencial— terão a chance de ingressar no sistema financeiro.

Há dificuldades na mudança, por certo. O Banco Central conduziu o processo com pressa, e houve instabilidade nos sistemas dos bancos no primeiro dia de cadastramento. Tamanha transformação precisa ser conduzida sem açodamento diante do risco de fraudes e erros.

O BC, ademais, deve se limitar ao papel de regulador do mercado, resistindo à tentação de intervir em todas as etapas da criação do Pix. Daqui para frente, tendo criado a infraestrutura, a autoridade monetária deve dar espaço para que o setor privado consiga inovar.

A China é exemplo do impacto da tecnologia nos meios de pagamento, pois praticamente pulou a etapa dos cartões de débito e crédito e rumou aos códigos eletrônicos.

O próximo passo deve ser o chamado open banking, em que os bancos perdem a condição de manter sua plataforma fechada —e o cliente determina como quer usar suas informações bancárias e por onde comprará outros serviços.

Após décadas priorizando a solidez do setor, o que legou um mercado concentrado em cinco grandes instituições, o BC agora busca inovação e novos participantes. A nova orientação é bem-vinda.

editoriais@grupofolha.com.br

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