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Maria Carolina Cristianini

Como informar as crianças em momentos de crise?

Jornalismo infantojuvenil transforma gerações

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Maria Carolina Cristianini

Editora-chefe do jornal Joca, para crianças e adolescentes, e Jornalista Amiga da Criança

Enfrentar crises não é novidade para quem vive na Terra. Entre guerras, períodos de recessão e tragédias naturais e humanas, de tempos em tempos as crises surgem. E são os adultos que, geralmente, assumem o papel de lidar com a situação e resolvê-la —conforme a possibilidade de atuação de cada um. Mas há outra questão. O mundo não é formado somente pelos maiores de idade.

É a partir disso que convido a uma reflexão: como os adultos ao seu redor, ou você mesmo, têm explicado a crise atual —nos seus mais diversos sentidos—, causada pela pandemia de Covid-19, a crianças e adolescentes? Posso afirmar, com a segurança de uma trajetória que passa de 12 anos nesta área, que o jornalismo infantojuvenil é o melhor amigo de pais, mães, tios, tias, professores e professoras neste momento.

Levar os fatos para os jovens, apurados com as mesmas técnicas usadas no jornalismo profissional “para adultos”, tem os mais diversos benefícios quando se está diante de algo que presenciamos pela primeira vez, como o novo coronavírus. Apenas para listar alguns desses impactos positivos: o jornalismo para crianças e adolescentes usa linguagem adequada para este público, garantindo o entendimento e o contexto do que está acontecendo; acalma diante da ansiedade que algo desconhecido naturalmente traz; e abre a oportunidade para que a criança ou o adolescente se sinta inserido na situação, sem estar à margem do noticiário (captando apenas uma ou outra informação, aqui e acolá, que pode acabar sendo mal interpretada) —o que, por consequência, trabalha para que esse jovem se veja como parte integrante e ativa da sociedade.

A situação é ainda mais urgente e importante diante do confinamento imposto aos jovens durante o ano de 2020, com o ensino remoto —e que, ao menos em parte do tempo, segue presente nos primeiros meses de 2021. Eles passaram a depender da internet para continuar com os estudos e ter contato com os amigos, entre outras atividades sociais. Diante de celulares, tablets ou computadores, por mais que haja controle de pais e professores, o ideal é sentir confiança ao indicar conteúdos on-line para seu filho ou estudante consumir e se informar no dia a dia do distanciamento social —sabendo que esses conteúdos foram produzidos com o olhar específico para essa faixa etária.

Embora ainda seja escasso no Brasil, o mercado de publicações e sites de jornalismo infantojuvenil vem, aos poucos, ganhando espaço. Em 2021, por exemplo, o jornal Joca, do qual sou editora-chefe, completa dez anos de existência, levando o noticiário de atualidades para crianças e adolescentes em todo o país.

Em 2020, a cada encontro virtual, e-mail ou mensagem que recebemos de nossos leitores, com dúvidas cada vez melhor elaboradas e consistentes sobre a Covid-19, tivemos a certeza: o jornalismo infantojuvenil é capaz de transformar uma geração. A partir da informação de qualidade e do incentivo ao desenvolvimento do senso crítico e à construção de uma cidadania ativa, em qualquer idade.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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