Dados do Instituto Brasileiro de Economia da FGV mostram que a produtividade da economia brasileira cresceu apenas 0,9% ao ano entre 1995 e 2021, abaixo do observado em países avançados e, mais ainda, nos casos de sucesso do mundo em desenvolvimento.
Apenas a agropecuária teve notável avanço no período, de 5,6% anuais, impulsionada por ganhos tecnológicos e de escala. A indústria teve perda anual de 0,2%, enquanto os serviços, que empregam a maior parte da população e agregam 70% das horas trabalhadas, avançou apenas 0,4% ao ano.
Em relação aos Estados Unidos, o desnível tem aumentado. Nos anos 1980, o trabalhador brasileiro apresentava 46,1% da produtividade —vale dizer, da capacidade de produção por período trabalhado— de um americano, mas essa cifra se reduziu para 25,5% em 2021.
Longe de se tratar de fenômeno setorial, a baixa qualidade produtiva permeia todo o tecido econômico. Algumas poucas empresas maiores mostram dinamismo, mas o desempenho é sofrível na média, e as inovações tecnológicas e organizacionais não chegam à maioria.
O aumento da produtividade é a ferramenta fundamental para o avanço da renda e do bem-estar social, ainda mais agora que a população cresce menos e se esgota o bônus demográfico —o que significa que a parcela dos brasileiros em idade ativa decrescerá.
Buscar esse objetivo deveria ser, portanto, a missão mais fundamental da política econômica. Infelizmente, porém, o debate nacional continua preso a emergências conjunturais de curto alcance.
O diagnóstico para os maus resultados é razoavelmente consensual. Falta de investimento em educação de qualidade, má alocação de recursos públicos, informalidade no mercado de trabalho, isolamento em relação às cadeias globais de valor, regras tributárias hostis e falta de estabilidade institucional são motivos apontados.
A agenda para a superação de tais obstáculos, entretanto, permanece matéria de controvérsia. É espantoso que ainda haja defensores —além dos diretamente interessados— de privilégios setoriais, proteção contra as importações e dirigismo estatal.
Ao contrário, o Brasil precisa de mais abertura econômica e competição, melhor gestão do ensino básico e qualificação da mão de obra, além de privatizações e reformas capazes de racionalizar o sistema tributário e as despesas públicas.
Um ambiente, em suma, de regras iguais para todos, sem prejuízo do amparo da sociedade aos estratos menos favorecidos.
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