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A hora do Legislativo

Eleição de deputados suscita menos interesse, mas escolher bons nomes é crucial

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Congresso Nacional, em Brasília - Roque de Sá/Agência Senado

É compreensível que a corrida presidencial seja o foco principal das eleições deste ano, mas ainda assim chama a atenção que tão poucos votantes se proclamem decididos em relação ao sufrágio para cargos na Câmara dos Deputados ou nas Assembleias Legislativas.

De acordo com pesquisa do Datafolha, 69% dos eleitores não escolheram um nome para deputado federal e 70% ainda não definiram um para deputado estadual.

A situação é quase o inverso da verificada no pleito nacional, em que a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou a um nível recorde de decisão do voto: 83% dos entrevistados dizem já ter um candidato para presidente, taxa que era de 65% em 2018.

A explicação para o fenômeno se encontra no sistema presidencialista adotado pelo Brasil, que magnifica o poder real ou imaginário dos chefes do Executivo e dilui a força dos integrantes do Legislativo.

Verdade que, nos primeiros anos após a Constituição de 1988, o presidente concentrava quantidade demasiada de prerrogativas. Com o passar do tempo, contudo, elas foram reduzidas ou amenizadas pela atuação do Supremo Tribunal Federal e, sobretudo, do Congresso.

Como consequência de iniciativas como o aumento do controle sobre as medidas provisórias e maior participação na confecção do Orçamento, nunca a Câmara e o Senado tiveram papel tão decisivo no arranjo entre os três Poderes.

Nesse cenário, antigos vícios do Parlamento brasileiro adquiriram nova dimensão. A fragmentação partidária e a existência de siglas nada mais que fisiológicas, por exemplo, dificultam sobremaneira a negociação de projetos de lei e políticas públicas em torno de compromissos programáticos.

O mais recente escândalo de emendas ao Orçamento serve para lembrar que alguns parlamentares oferecem apoio não a partir de negociações legítimas, mas com base em acordos espúrios fechados longe dos olhos do público.

Não há maneira fácil de resolver esse problema, mas parte da solução passa pela qualidade dos legisladores. Ferramentas como o Match Eleitoral, desta Folha, ajudam nesse processo, ao indicar quais candidatos se aproximam das visões de mundo e aspirações do eleitor paulista.

Abrir mão de escolher bons candidatos para o Legislativo é apenas uma maneira de facilitar o trabalho dos políticos oportunistas.

editoriais@grupofolha.com.br

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