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Marta Suplicy

Nunca foi tão fácil agir

Contra o martírio, a palavra no Brasil hoje é urgência

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Marta Suplicy

Ex-senadora da República (fev.11 a jan.19), ex-ministra da Cultura (2012-14, gestão Dilma) e do Turismo (2007-08, gestão Lula) e e ex-prefeita de São Paulo (2001-04)

É inegável: nosso país está no sufoco. Mergulhamos —fomos mergulhados— num buraco aterrador, povoado de ignorância, preconceito, violência verbal e física, discriminação, deboche, mentira, autoritarismo, desamor e desunião. É urgente sair desse labirinto.

O atual presidente é responsável, por ação e omissão deliberadas, por essa situação insuportável. A lista de danos aos brasileiros é imensa e indesculpável. Tivemos negaceada a vacina contra a Covid: mais de 680 mil brasileiros morreram. Tivemos charlatanismo com a propaganda presidencial de um remédio contra piolho —inútil para prevenir e vencer uma doença letal. Tivemos falta de empatia, falta de compaixão e de humanidade. Tivemos deboche com os doentes e suas famílias.

Enquanto brasileiros morriam, o atual presidente passeava de moto, de jet ski; ia a clubes de tiros e cavalgava. Tirava férias. Dançava funk e fazia churrasco em lancha. E mentia para a população, tentando colocar a culpa de tudo nos outros. A culpa, e a responsabilidade, com ele, sempre é dos outros.

Vivemos os últimos anos sob o signo da violência crescente. É recorrente o discurso exaltando as armas e incitando o comportamento belicoso. O desgoverno promoveu um irresponsável descontrole: quem quiser, pode, agora, comprar dezenas de armas e milhares de munições. Basta ser sócio de um clube. Ou se declarar colecionador. Por quê? Para quê? Quem se beneficia com isso? Crime organizado, milícias, personalidades psicóticas e amantes das diferenças resolvidas à bala? Aos brasileiros, em sua imensa maioria, é que não serve. Com 30 milhões de patrícios passando fome, essa é apenas mais uma afronta.

Brasileiros disputando ossos em caminhão de açougue ou revirando lixo atrás de comida ou famílias inteiras morando na rua, em barracas, são retratos dolorosos de uma época. Mas fica ainda pior quando se sabe que o dinheiro público é capturado, descaradamente, no que se apelidou de "orçamento secreto". Bilhões e bilhões desviados da saúde, da educação, da segurança para alimentar o "toma lá dá cá" que sustenta politicamente o presidente falastrão.

A palavra necessária, no Brasil de hoje, é urgência. Temos urgência em restaurar um mínimo de solidariedade, responsabilidade social, sensibilidade, humanidade. De restaurar a vida em paz e com convivência fraterna, em que as divergências se resolvem pela lei e pela democracia.

O retrocesso civilizatório que se abateu sobre o Brasil tem de ser revertido com urgência. Já se sabia que o atual presidente é um homem grosseiro, rude, despreparado. Mas fica mais perigoso quando se dedica, em tempo integral, a insinuar golpes de Estado; a ameaçar as instituições, o Poder Judiciário, a atacar a Constituição. Nada disso é normal e tem que parar com urgência.

Tampouco é aceitável um presidente que agride mulheres, sejam jornalistas que lhe metem medo, seja a preparada mulher do presidente da França; sejam deputadas ou candidatas a presidente. Que agride brasileiros e brasileiras LGBTQIA+. Que nega a defesa constitucional do meio ambiente e dos povos originários.

É urgente remover, pelo voto, um presidente que não tem compostura; que mente e em quem os brasileiros não confiam e rejeitam. Um presidente que se disfarça de cristão para avançar sobre cristãos verdadeiros, com mentiras sobre seus adversários políticos. Cristãos, evangélicos de todas as denominações, católicos, judeus, muçulmanos, budistas, hinduístas acreditam em paz e amor ao próximo. Não em guerra, violência e fake news.

E não adianta se fazer acompanhar por uma "princesa" bonita e bem-vestida, que também perde a compostura ao contaminar religião com política, em cultos arranjados para propaganda.

Por tudo isso, a palavra do Brasil de hoje é urgência: devemos encurtar esse martírio a que os brasileiros fomos submetidos. Nunca foi tão fácil decidir e agir: vamos remover esse senhor o mais rápido possível da Presidência. Já no primeiro turno. Vamos escolher um operário digno, que sabe se conduzir com dignidade e humanidade. Não precisamos de "princesa" como primeira-dama. Queremos uma mulher preparada, com sólido comprometimento no combate à pobreza no Brasil. Que possa deixar um grande legado.

Nunca foi tão fácil agir: Lula e Janja já.

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