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Balas de festim

Plano dos militares para urnas soa mais modesto do que delírios de Bolsonaro

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Urnas eletrônicas que passaram por teste - Pedro Ladeira/Folhapress

Após meses de arreganhos, as Forças Armadas parecem ter assentado um plano para atuar na fiscalização das eleições —e ele é muito mais modesto do que a fanfarronice de Jair Bolsonaro (PL) sugere.

A proposta dos militares é fotografar os boletins impressos pelas urnas de algumas seções eleitorais no dia da votação e compará-los com os documentos que serão disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral no mesmo dia.

Na avaliação das Forças Armadas, uma amostra diminuta de 385 urnas, correspondente a menos de 1% das que serão usadas no primeiro turno, bastará para aferir a confiabilidade do sistema oficial de totalização dos votos.

Além disso, duas sugestões para aprimorar os testes de integridade das máquinas, habitualmente realizados no dia da eleição, foram bem recebidas pela Justiça e poderão ser colocadas em prática em caráter experimental.

Os boletins impressos pelas urnas mostram os resultados de cada seção, reproduzindo as mesmas informações transmitidas ao TSE, e são afixados há várias eleições nos próprios locais de votação, após seu encerramento.

Neste ano, pela primeira vez, o TSE decidiu divulgá-los imediatamente na internet também, facilitando o trabalho das entidades habilitadas a fiscalizar o processo, entre as quais as Forças Armadas.

O plano dos militares está longe de representar uma contagem paralela dos votos ou qualquer coisa parecida. Ele servirá apenas para verificar a solidez dos dados.

A transparência dos sistemas é tão grande que permite inclusive que se fiscalizem os fiscais. Qualquer pessoa que tema uma ação mal-intencionada dos militares poderá conferir os boletins na internet e replicar o que eles fizerem.

As Forças Armadas pretendem escolher as 385 seções eleitorais em cidades onde deverão estar presentes para auxiliar na segurança do pleito —o que obviamente não autorizará qualquer tentativa de extrapolação dos resultados da amostra para o cômputo nacional.

Só falta combinar com Bolsonaro, que não se cansa de alimentar suspeitas infundadas sobre as urnas. Mesmo quando finge não fazê-lo, ele sempre deixa a porta aberta para contestar os resultados se lhe forem desfavoráveis.

Em entrevista na semana passada, por exemplo, disse que é impossível garantir que as urnas estarão imunes a fraudes, mesmo se as sugestões das Forças Armadas forem acolhidas pela Justiça Eleitoral.

Como é óbvio desde o início da ofensiva, o único objetivo é criar confusão, na esperança de encontrar no tumulto uma saída desesperada em caso de derrota. Se os militares quiserem participar da pantomima, será por sua conta e risco.

editoriais@grupofolha.com.br

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