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Karim Miskulin

A direita acolheu uma nação órfã

Indignação virou atitude política, e o Brasil deles agora também é nosso

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Karim Miskulin

Empresária, CEO do Grupo Voto e integrante do Conselho Feminino da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)

A política, por muito tempo, foi assunto dos políticos —embora, desde sempre, fosse o coração social deste país. A política era refém da pauta jornalística, de Brasília, reduzida ao reflexo econômico ou de interesse de uma bolha aristocrática. À exceção do calendário eleitoral, não era o assunto da vida do brasileiro, pensamento linear da cadeia humana. A nação não discutia com furor, paixão e profundidade a democracia e o sentido épico da pátria. O que, repito, desde sempre foi nosso âmago prolífero, humanista e de liberdade.

O Brasil mudou. Uma glória. Despertou de um desinteresse apático pelo futuro, curou-se de uma cegueira social se emancipando para a consciência cidadã. Hoje a política é a pauta principal deste país. Não importa onde se vá ou com quem estejamos, o nível cultural ou financeiro do público, no mundo virtual ou nas calçadas, todos estarão respirando e refletindo os rumos da nação. Pelo viés da ideologia; o que não é pecaminoso, aliás. Pela história que dá sinais, pelo presente que aponta para onde vamos, propondo e compartilhando em unidade. Vivendo junto um drama e também uma esperança. Senhoras e senhores, vimos nascer, de fato, um Brasil de ideias.

Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cumprimenta apoiadores durante comício em Londrina (PR) - Rafael Fantin 16.set.22/Folhapress

E o que mudou? Os omissos e passivos tomaram as rédeas da vida coletiva. Largaram o controle remoto da TV da sala para assumir um controle real: o poder sobre a decisão do amanhã. A indignação virou atitude e o Brasil deles, agora, também é nosso. Deles quem? Você se pergunta. Daqueles que se retroalimentavam no comando a partir da nossa própria indiferença e também incompreensão. A verdade é que durante anos vivemos entre a esquerda e o contrário da esquerda. O que não era direita, porém. Era uma oscilação flutuante e conveniente para a tomada do poder.

Existia o PT com suas crenças de partido e de sociedade e havia um movimento avesso que os contrariava, mas sem convicção de valores e até de rumo para o país. Por décadas, a palavra diálogo serviu para mascarar a falta de posição e de lado. E o povo, encabulado e desencontrado, flertava com o oposto da esquerda, tímido e sem amor. "Era o que se tinha", como diria o meu pai.

Normalizamos a política do interesse e, até pouco tempo, desconhecíamos a face da direita. Normalizamos a retórica da simpatia que contemplasse a maioria na oportunidade. Embora as convicções fossem instáveis como uma ventania. E o futuro um dia qualquer depois do amanhã. Normalizamos a ideia de uma representação incompleta na ausência do que buscávamos. A isso, agora, se chama de centro —o que o Brasil nunca quis de verdade e explica seu atual definhamento na arena partidária.

Jair Bolsonaro (PL) não é soldado de uma sigla, é verdade. Ele constitui o surgimento de uma era para a democracia contemporânea. Preenche a lacuna de uma sociedade órfã que não se encontrava em valores, ideologia e pura representação. Hoje há um Brasil gigante unido em propósito. E isso, embora exista o contrário, há de ser respeitado. Hoje a direita existe.

O Brasil não é mais morno, e a democracia não é mais aula de história. É realidade. Na família, na igreja, na rua e na urna. Não tenha vergonha de assumir quem você é. A liberdade venceu a opressão e o que era acanhado, o espírito cívico, está em ebulição. Deus é bom, e tiramos a poeira do orgulho de ser brasileiro.

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