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Maria Paula e Italo Borssatto

Blockchain a serviço da paz

Tecnologia permite eliminar intermediários através da descentralização

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Maria Paula

Atriz, psicanalista com mestrado em desenvolvimento humano e saúde (UnB) e embaixadora da paz

Italo Borssatto

Empreendedor, é especialista em blockchain e identidade descentralizada

Em setembro, a rede blockchain Ethereum, em um evento intitulado "The Merge", abandonou a tradicional mineração e passou a adotar o algoritmo "proof of stake". Advento este que deve reduzir em 0,2% o consumo mundial de energia elétrica, solucionando uma fragilidade desta tecnologia que antes não podia ser considerada sustentável. A mudança é comemorada por muitos, mas houve resistência por parte de mineradores bilionários e da cadeia que os mantém. Foi a persistência da comunidade em busca do melhor para todos, não de uma minoria, que prevaleceu.

As redes blockchain (tecnologia que se tornou conhecida com a difusão das moedas virtuais, como o bitcoin) trazem esse sentimento de revolução. Simplesmente porque, pela primeira vez em nossa história, temos um dispositivo que nos permite eliminar intermediários através da descentralização. O questionamento do atual sistema monetário é apenas um de muitos que essa tecnologia ainda irá despertar.

Representação de Ethereum - Dado Ruvic - 29.nov.2021/Reuters

Por um momento, esqueça sua vida no Brasil e imagine-se em um país autoritário, que o leva a tomar a difícil decisão de abandoná-lo apenas com o que tem em mãos, tornando-se um refugiado. Quase automaticamente você se veria em uma situação vulnerável em que provar seu próprio nome se tornaria um desafio.

A tecnologia blockchain possui como um de seus pilares a identidade descentralizada, onde você gera um número aleatório suficientemente grande para que, em milhares de anos, nenhum computador seja capaz de gerar um número semelhante. Este número é capaz de identificar você unicamente e pode ser utilizado como sua assinatura, sem a necessidade de um governo ou cartório para provar sua autenticidade. Essa tecnologia permite que um refugiado se identifique em outras terras.

Sabemos que somos influenciados por uma minoria que detém o poder. Nas últimas décadas, fomos controlados através da mídia e, nos últimos anos, mais especificamente, pelas mídias sociais, que acabaram se tornando um problema com repercussões diversas, inclusive no aumento expressivo de distúrbios psíquicos relacionados à ansiedade e depressão em jovens.

Algoritmos desconhecidos criam consumidores viciados e podem induzir a comportamentos nocivos.
Em breve, o blockchain irá oferecer um mundo mais participativo, em que até mesmo uma rede social ou um governo poderá ser controlado por nós mesmos. Quando isso ocorrer, a sociedade deve estar preparada, assim como a comunidade Ethereum se preparou para o "merge".

Ou seja, precisamos aprender a resolver conflitos de forma pacífica e entender o que é essencial, apesar de todas as nossas diferenças na busca de um futuro promissor para todos. Isso não ocorrerá rápido ou facilmente. Estamos falando do rompimento com estruturas de poder milenares e vamos precisar vencer com inteligência as forças contrárias que tentarão nos deter.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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