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Tarcísio abraça obscurantismo ao rejeitar vacina obrigatória e câmeras em PMs

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Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de São Paulo, durante evento sobre transportes na São Paulo Expo - Zanone Fraissat/Folhapress

O candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), busca apresentar-se como um técnico, sem apego a pregações ideológicas. Tal imagem, contudo, é nublada por seus acenos aos seguidores obscurantistas do presidente da República.

Como Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio assume uma defesa distorcida da liberdade individual ao se declarar contrário à obrigatoriedade da vacinação —como se ignorasse que, em se tratando da saúde pública, prevalece, por definição, o interesse coletivo.

Nesse sentido, restringir o acesso de não vacinados a locais e eventos integra o rol de medidas de que o Estado dispõe para estimular a imunização e proteger a sociedade.

Vê-se a mesma insensatez na promessa de acabar com a bem-sucedida adoção de câmeras nos uniformes de policiais militares. Se colocada em prática, a medida representará grave retrocesso na política de segurança pública paulista.

Na argumentação de Tarcísio, os aparelhos inibiriam a liberdade de ação dos agentes de segurança, colocando "o bandido em situação de vantagem em relação ao policial".

O argumento falacioso, que mal disfarça o apelo ao corporativismo policial, não resiste aos fatos. As câmeras reduziram os enfrentamentos armados e, consequentemente, as mortes de policiais.

Considerando o terceiro trimestre dos três últimos anos, o número de confrontos teve queda de portentosos 87% nos 18 batalhões que empregam a tecnologia. Em 2021, nenhum policial militar foi morto em serviço nessas unidades.

Além disso, os aparelhos tendem a coibir a truculência e os abusos praticados pelos maus agentes. Nos últimos sete meses de 2021, a letalidade policial nas unidades que utilizam câmeras caiu 85%.

No total, as mortes causadas por PMs em enfrentamentos reduziram-se em 36% na comparação com o ano anterior.

Tarcísio erra ainda quando afirma que os aparelhos teriam reduzido a produtividade policial. Novamente, os dados mostram o oposto. Na mesma comparação trimestral, os batalhões com câmeras registraram um crescimento de 41,4% na quantidade de flagrantes e de 12,9% na de apreensão de armas.

Nesse aspecto, o candidato ora líder nas pesquisas e avesso a debates no segundo turno está em desacordo com a vasta maioria da população. Segundo apurou o Datafolha em julho, 91% dos paulistas são favoráveis a essa política.

editoriais@grupofolha.com.br

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