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Teto paulistano

Covid faz disparar busca por moradia em SP; urgem políticas efetivas e parcerias

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Ocupação Jardim Julieta, que foi formada no inicio da pandemia de Covid, na zona norte de São Paulo (SP) - Lalo de Almeida/ Folhapress

A prolongada pandemia de Covid-19 ainda produz consequências nefastas na renda dos brasileiros, sobretudo dos mais vulneráveis.

Na cidade de São Paulo, cujo déficit habitacional é estimado em cerca de 369 mil unidades e já há pelo menos 31 mil pessoas vivendo nas ruas, a demanda por moradia social disparou desde 2020.

A situação se agravou principalmente entre agosto e setembro de 2022, quando o número de paulistanos que declararam não ter renda para pagar o aluguel mais do que quintuplicou em relação aos mesmos meses de dois anos atrás.

Dados da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo demonstram que as inscrições por vagas em programas habitacionais seguem em alta desde janeiro de 2021, quando cerca de 3.000 pessoas entraram no sistema —quase o triplo de janeiro do ano anterior.

Se antes da epidemia a média de novas inscrições mantinha-se relativamente estável, em torno de 800 por mês, a cifra alcançou mais de 2.100 em 2021 e, neste ano, ultrapassou os 3.700.

Já a construção de moradias pela administração municipal ocorre a passos lentos. Entre 2020 e 2021, segundo a Cohab, foram entregues 8.979 unidades, ou apenas 5,3% do total de 166.303 inscrições ativas.

A pandemia também teria impactado o andamento das obras, diz o órgão, já que reduziu o quadro dos prestadores de serviços e a matéria-prima necessária.

O descompasso entre demanda e produção habitacional se projeta temerário para os próximos anos. Estudo da consultoria Econnit estima que a cidade teria de construir em média 73 mil moradias anuais até 2030 para zerar a demanda futura e o déficit atual.

O custo de vida, o desemprego e o consequente aumento da população de rua são fatores determinantes para a piora, mas não só.

Falta à cidade, nas últimas décadas, uma política habitacional mais efetiva. A produção em larga escala em regiões periféricas, carentes de serviços e postos de trabalho, pode provocar efeito contrário, com inadaptação das famílias e retorno a moradias precárias.

São necessárias a indução de novos empreendimentos de interesse social, a requalificação de imóveis desocupados em áreas centrais e a aquisição de unidades da própria iniciativa privada.

A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) diz que contempla essas diretrizes no ainda embrionário programa Pode Entrar, que prevê a entrega de 70 mil imóveis até o fim do seu mandato, em 2024.

Para atenuar o déficit habitacional, cabe à prefeitura aplicar com responsabilidade recursos do caixa recorde de R$ 32,6 bilhões, sem abrir mão de parcerias com os governos estadual e federal.

editoriais@grupofolha.com

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