Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

MEC cearense

Lula valoriza índices do estado e considera pressão petista em cargos na pasta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Camilo Santana (PT), ex-governador do Ceará indicado como futuro ministro da Educação - Camila de Almeida/Folhapress

Ao indicar Camilo Santana (PT) para encabeçar o Ministério da Educação e Izolda Cela (sem partido) para a Secretaria de Educação Básica, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), emite sinais favoráveis e outros nem tanto sobre a formação do governo.

Decerto que, em comparação com a desastrosa condução da pasta sob Jair Bolsonaro (PL), seria difícil não haver avanços. Mais que isso, a dupla Santana-Cela reúne condições para uma gestão ditosa.

O primeiro, que até o início deste ano era governador do Ceará, cargo ao qual renunciou para lançar-se numa vitoriosa campanha ao Senado, conseguiu manter o estado na vanguarda dos avanços nacionais em ensino, posição que já ocupa há vários anos.

Também mostrou-se um político habilidoso e conseguiu eleger seu sucessor em primeiro turno. Capacidade de diálogo e articulação é característica sempre bem-vinda em um ministro.

Mais difícil para Lula pode ser explicar a decisão de não indicar Cela para comandar o MEC. Atual governadora do Ceará, cargo que herdou de Santana, ela estava no PDT, mas teve de abandonar o partido. Perdeu a chance de disputar a reeleição porque se desentendeu com o pedetista Ciro Gomes, entre outras razões, por apoiar Lula.

Diferentemente de Santana, que é engenheiro agrônomo, Cela é educadora e vista por profissionais da área como uma das grandes responsáveis pelas importantes conquistas do Ceará no setor, desde os tempos em que ocupou postos na cidade de Sobral.

O estado tem se destacado em indicadores de aprendizagem nos últimos anos, graças a políticas como o repasse de ICMS aos municípios vinculado ao desempenho das escolas —ideia que hoje inspira uma lei nacional em implantação.

Por ser do ramo, mulher, estar disponível a partir de 1° de janeiro e contar com apoio de grande parte dos especialistas, Cela era vista como a favorita ao posto. Entretanto o PT quis o cargo.

Pelo que se noticia, também pesou contra a governadora o seu bom trânsito com grupos de origem na iniciativa privada que desenvolvem projetos educacionais, como a Fundação Lemann. O que deveria ser vantagem torna-se opróbrio nas hostes petistas.

Ao preterir a nomeação de Cela para satisfazer apetites partidários, sobretudo de sua legenda, Lula indica que seu governo talvez não seja uma frente tão ampla quanto apregoava durante a campanha.

De toda maneira, se Cela mostra-se disposta a trabalhar com Santana, que não é uma má escolha, só o que se pode fazer é desejar-lhes sucesso. A educação brasileira precisa, após o desmonte na gestão Bolsonaro e a tragédia da pandemia.

editoriais@grupofolha.com

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.