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Pedro Medeiros

Mitos e verdades sobre os dividendos da Petrobras

Companhia não está 'furando' caixa e tomando empréstimos para sustentá-los

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Pedro Medeiros

Observador da indústria de energia global desde 2007, é cofundador da gestora Atalaya Capital

Não é novidade que o mercado de commodities é cíclico, alternando períodos de alta e de baixa. O preço internacional do petróleo atingiu US$ 20 em 2020 e, um ano depois, superou US$ 100.

A discussão sobre dividendos extraordinários da Petrobras, além de ignorar que a empresa ficou "extraordinariamente" anos sem remunerar União e demais acionistas diante do prejuízo em investimentos ineficientes, vem trazendo informações enganosas, como se a companhia estivesse "furando" caixa e tomando empréstimos para sustentar dividendos.

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro - Wang Tiancong - 4.mar.22/Xinhua

O Brasil, com alta produção e exportação de petróleo, tem de se preparar para usufruir dos dividendos que estatais eficientes e momentos favoráveis de preços permitem para reforçar suas políticas sociais. Países com grandes estatais de energia, como Arábia Saudita, Noruega e Colômbia, valorizam a possibilidade de dividendos, não o oposto.

Após caracterizada com o título de maior dívida corporativa do mundo em US$ 160 bilhões, a Petrobras equacionou seus compromissos e progressivamente aumenta investimentos e eficiência. Em 2019, aprovou política de remuneração aos acionistas prevendo justamente dividendos extraordinários quando observados critérios da sustentabilidade financeira.

Somente nos últimos 12 meses, reduziu sua dívida em mais de US$ 5 bilhões (de US$ 59,6 bilhões para US$ 54,3 bilhões), investiu cerca de US$ 10 bilhões e recolheu US$ 56 bilhões em impostos e tributos. Dividendos de mais de US$ 15 bilhões para a União, sócia majoritária da companhia, além da remuneração aos demais acionistas, foram pagos justamente por conta dos saudáveis níveis de endividamento e caixa alcançados através dos resultados gerados.

Outra confusão circulando associa remuneração crescente a acionistas com redução de investimentos —ignorando que, na política da empresa, os dividendos são calculados após os investimentos. Atualmente, a Petrobras é uma das poucas empresas no mundo a publicar anualmente, de forma transparente, seu Plano Estratégico com investimentos aprovados para os próximos cinco anos. O plano atravessa diversas instâncias de aprovação, avaliando o potencial de seus projetos e os recursos gerados da companhia.

A transformação da empresa e de sua governança, nos últimos anos, permitiu o salto de recorde de endividamento para eficiência e desempenho em projetos. Dentre alguns exemplos, a plataforma P-71, com capacidade para produzir cerca de 3,7% do petróleo nacional, será antecipada para ainda este ano, acelerando receita para União, acionistas, estados e municípios na forma de royalties em momento favorável de preços internacionais.

No contexto atual de discussão da expansão fiscal, a melhor contribuição que uma estatal atuando em mercado competitivo pode trazer ao Estado é justamente sua eficiência, distribuindo esses resultados a seu acionista majoritário de maneira a acelerar políticas públicas fundamentais à sociedade.

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