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Camila Rocha

Poder para quem?

Diversidade não se expressa somente em números e imagens, mas em programas políticos

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Camila Rocha

Doutora em ciência política pela USP, é autora de "Menos Marx, Mais Mises: o Liberalismo e a Nova Direita no Brasil" e coautora de "The Bolsonaro Paradox: the Public Sphere and Right Wing Counterpublicity in Contemporary Brazil"

Hoje a distribuição de cargos governamentais é acompanhada pela cobrança de novos critérios, entre os quais, a paridade de gênero.

O México, que há 20 anos possuía 16,6% de mulheres na Câmara, já conta com paridade de gênero em todos os níveis. A chamada "paridade em tudo" passou a vigorar no país após ter sido implementada no âmbito legislativo. A partir de 2018, as mulheres, ao ocuparem 49,3% das cadeiras na Câmara e 49,2% das cadeiras no Senado, puderam pressionar por paridade no Executivo e no Judiciário. Até mesmo organismos públicos autônomos, entre os quais figuram o Banco do México e o Instituto Nacional de Estatística e Geografia, passaram a ser pautados pela nova regra.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a senadora Simone Tebet (MDB) e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede) durante a campanha eleitoral do petista, em outubro - Douglas Magno/AFP

Em 2021, a Assembleia Constituinte chilena foi a primeira no mundo a contar com paridade de gênero. A fotografia do gabinete formado pelo presidente Gabriel Boric, em que aparecem 10 homens e 14 mulheres, acompanhava o novo espírito do tempo.

A diversidade, porém, não se expressa somente em números e imagens, mas em programas políticos que possibilitem a superação de desigualdades históricas.

Na Colômbia, liderada por Gustavo Petro e Francia Márquez, foi realizado o compromisso público em avançar na distribuição de renda, justiça ambiental, novos acordos de paz e na interrupção de uma fracassada guerra às drogas que já assassinou mais de 1 milhão de pessoas na América Latina em quarenta anos.

Enquanto isso, o Brasil segue a passos lentos. Em 2022 a representatividade de mulheres na Câmara aumentou 18%, mas elas ocupam apenas 17,7% das cadeiras. Os partidos permanecem como espaços de amplo domínio masculino, o que se reflete no pouco poder de barganha das mulheres na disputa por cargos e recursos.

Simone Tebet e Marina Silva ainda não foram chamadas para compor o governo, e o novo Ministério da Mulher, comandado por Cida Gonçalves, ao que tudo indica, terá financiamento escasso.

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