Descrição de chapéu
Francielle Gatti, Graziella Matarazzo e Regina Broti Gavassa

Um grande passo para o ensino de tecnologia

Documento orienta a aprendizagem mesmo sem grandes investimentos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Francielle Gatti

Doutoranda e pesquisadora em formação de professores para o uso das tecnologias educacionais, é orientadora de tecnologia na Escola Castanheiras

Graziella Matarazzo

Mestre em educação, é coordenadora de tecnologia da Escola Castanheiras

Regina Broti Gavassa

Mestre em educação e pesquisadora em tecnologias educacionais, é uma das idealizadoras do currículo de tecnologia da cidade de São Paulo

No último dia 3 de outubro, um grande passo foi dado no Brasil com a homologação do parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que complementa a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto ao trabalho com as tecnologias na educação básica. Para um rápido contexto, a BNCC, publicada em 2017, já contemplava a inclusão das tecnologias no currículo, mas ainda de forma incipiente. Os profissionais do setor vinham desde então cobrando esse complemento que, ora aprovado, ainda que com um tanto de atraso pelo Ministério da Educação, amplia e detalha orientações com relação ao ensino do tema.

O documento é fruto de um trabalho coletivo do qual participaram escolas, acadêmicos do Brasil todo e instituições sérias como o Centro de Inovação para Educação Brasileira (Cieb) e a Sociedade Brasileira de Computação (SBC), entre outros entes. Agora, ele precisa ser implantado por toda a rede de educação, de norte a sul do Brasil.

Apresentando de forma democrática as habilidades a serem trabalhadas com os estudantes, o documento traz orientações onde é possível atuar em prol do desenvolvimento dessa aprendizagem mesmo sem grandes investimentos que costumam estar relacionados à tecnologia. Para além da linguagem de programação, há também uma série de saberes contidos no documento que podem ser desenvolvidos sem o computador, daí o termo do "ensino desplugado" do currículo. Nesse sentido, ele é um avanço. Mesmo assim, é um desafio e tanto, sobretudo pensando em escolas públicas em municípios pequenos, com poucos profissionais e parcos recursos.

Desde a aprovação da BNCC, estados e municípios têm se empenhado na tarefa de construir currículos locais. Não são raros os esforços para incluir a tecnologia como conhecimento escolar, e um bom exemplo é o Currículo da Cidade de São Paulo, que aborda em seu eixo digital programação, alfabetização digital, ética e cidadania com ênfase no protagonismo para alunos entre 6 e 14 anos. Não diferente é o desafio dessa construção na esfera privada. Muitas escolas particulares e seus alunos felizmente já contam com esse currículo e, quem sabe, podem servir de espelho para as grandes movimentações que estão por vir nas redes educacionais em decorrência da publicação.

O documento é um grande avanço, mas não é tudo. O foco agora deve ser transpor a legislação para o chão da escola, que precisa considerar a criação dos currículos, a formação continuada e o empoderamento dos professores que ficarão a cargo dessa função, além da relevância dos conhecimentos tecnológicos na vida dos alunos.

O grande compromisso aqui é trabalhar a computação como área de conhecimento integrada aos demais componentes curriculares que permeiam as aprendizagens. O trabalho vai além da compreensão sobre o entendimento de algoritmos e está mais em, através das tecnologias, expandir a criatividade, exercer a ética, a leitura e a escrita, refletir criticamente sobre problemas reais, respeito e cidadania.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.