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Melhor, com riscos

Economia global resiste, mas juros são ameaça; Brasil tem perspectiva modesta

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Porto de Xangai, na China, o maior do mundo - Xinhua/Ding Ting

A mais recente revisão do cenário mundial feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere resiliência do crescimento econômico e queda gradual da inflação, mas com riscos importantes para o restante deste ano e para 2024.

Em relação à projeção de outubro do ano passado, a expectativa para o avanço do Produto Interno Bruto global subiu de 2,7% para 2,8%. Embora se observe uma desaceleração em relação ao ritmo do ano passado, de 3,4%, a análise indica permanência da demanda nas maiores economias.

Nas três principais regiões, a situação é melhor que a esperada há alguns meses. Nos Estados Unidos ainda se vê sustentação em razão da poupança acumulada pelas famílias durante a pandemia; na Europa não ocorreu uma crise de energia em razão do inverno ameno; na China observa-se uma retomada importante depois do relaxamento das restrições sanitárias.

O gigante asiático deve crescer 5,2% neste ano, depois de amargar apenas 3% em 2022. O impacto positivo chinês se estende para o conjunto dos países emergentes, que também devem ter bom desempenho, com alta de 3,9% em 2023.

A instituição projeta em seu cenário-base uma continuidade dessa trajetória de retomada no ano que vem, quando a economia mundial aceleraria para 3%. Tal resultado seria muito positivo, mas há alertas importantes.

Os principais riscos para uma recaída recessiva derivam da lenta queda da inflação e dos impactos defasados do aperto monetário, sobretudo nos EUA, onde os juros subiram de zero para 5% ao ano em pouco mais de 12 meses —o que já provoca estresse financeiro, evidenciado pelos problemas em bancos regionais mais frágeis.

A inflação mundial deve cair de 8,77% em 2022 para 7% agora e 4,9% em 2024, patamar ainda desconfortável diante das metas dos principais bancos centrais. A força do emprego e dos salários pressiona os preços dos serviços.

Por isso, as taxas de juros devem permanecer altas nos principais centros financeiros, com consequências difíceis de prever. Depois de uma década de juros muito baixos (2008-2019), não se sabe como a contração monetária ainda em curso impactará a saúde de bancos e das empresas.

O ambiente ainda é perigoso, portanto. Para o Brasil, o cenário do FMI é de crescimento baixo neste ano, de apenas 0,9%, mas haveria uma melhora em 2024, para 1,5%.

Construir tal caminho, e idealmente superar o prognóstico, dependerá de boa condução local da política econômica. Eliminar quaisquer dúvidas sobre o equilíbrio fiscal e conduzir reformas, sobretudo a tributária, são os objetivos essenciais neste momento.

editoriais@grupofolha.com.br

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