O clã Bolsonaro optou pela vitimização e terceirização de responsabilidade como resposta à investigação de fraude na emissão de comprovantes de vacinação em nome do ex-presidente e de sua caçula, Laura.
Dois dias depois de exibir vigor sobre tratores durante visita à Agrishow, Bolsonaro preferiu não depor à Polícia Federal e chegou às lágrimas durante entrevista à emissora de rádio que fez as vezes de diário oficial durante o seu governo.
Flávio, seu primogênito, ocupou a tribuna do Senado para acusar os governistas de perseguição. No discurso proferido após uma conversa com o pai, o chamado "01" negou que Bolsonaro tenha determinado inserção fraudulenta de dados no cartão de vacinação no ConecteSUS. Disse que a montanha iria parir um rato.
Na Câmara, Eduardo descreveu o capitão como vítima de covardia e vilania da esquerda. Bolsonaristas chegaram a ventilar a hipótese de o sistema de saúde ter sido hackeado, enquanto outros apoiadores buscavam atribuir a adulteração à iniciativa pessoal do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
Como a operação atingiu o núcleo do bolsonarismo, toda essa manobra é uma tentativa de se imunizar contra o impacto da revelação entre eleitores de um ex-presidente que liderou seus seguidores em uma resistência enfática à vacinação.
Bolsonaro já tentou se eximir de culpa no caso das joias da Arábia e chegou a afirmar que fez publicações nas redes sociais sob efeito de drogas. Mas, desta vez, fica muito difícil convencer que o sempre leal Mauro Cid tenha emitido um comprovante de vacinação em nome de Laura sem o consentimento do chefe. Até porque, segundo a PF, inserções aconteceram no endereço do IP cadastrado no Palácio do Planalto.
A menos que a PF tenha cometido um grave erro, tudo indica que a fraude tinha o objetivo de permitir a permanência de Bolsonaro nos EUA após o fim do mandato. Nesse caso, parafraseando o próprio, tem que deixar de mimimi e se explicar.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.