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Jader Rosa

A força da indústria criativa

Grandes eventos evidenciam a potência da cultura para a economia nacional

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Jader Rosa

Superintendente do Itaú Cultural

Recentemente, todos vimos do que a economia criativa é capaz de produzir no Brasil. Eventos como The Town, Bienal do Livro e Bienal de Artes, os dois últimos apoiados por recursos da Lei Rouanet, mobilizaram milhares de pessoas no Rio e em São Paulo, as duas principais capitais do país, gerando renda, empregos, negócios, riqueza e bem-estar em torno da cultura e do entretenimento.

Só o The Town levou ao autódromo de Interlagos mais de 500 mil pessoas e injetou cerca de R$ 1,7 bilhão em negócios para a cidade de São Paulo, segundo estimativa da FGV. A Bienal do Livro, no Rio, também foi um sucesso estrondoso, com um público de 600 mil pessoas e 5,5 milhões de exemplares vendidos. A mesma força foi exibida pela Bienal de Artes de São Paulo, que atingiu a marca de quase 100 mil visitantes poucos dias após a abertura da mostra.

Por trás desses eventos há toda uma engrenagem econômica em funcionamento, que injeta recursos na hotelaria, na gastronomia, no comércio, no transporte, no setor de serviços e abre milhares de postos de trabalhos qualificados, gerando um ciclo virtuoso de prosperidade.

A economia da cultura e das indústrias criativas realmente são uma potência no país. Os números são expressivos. Estudo do Observatório Itaú Cultural mostrou no início do ano que o segmento respondeu por 3,11% do PIB em 2020 —o equivalente a R$ 280 bilhões em valores atualizados, ultrapassando segmentos relevantes como a indústria automotiva, que teve participação de 2,5%, para ficar apenas em um exemplo.

De 2012 a 2020, o PIB dos segmentos criativos, em números absolutos, experimentou crescimento de 78%, enquanto a economia total do país avançou 55%.

A capacidade de geração de emprego no segmento também é notável, conforme já demonstrou o Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural. Hoje, a economia da cultura e das indústrias criativas são responsáveis por mais de 7 milhões de empregos no Brasil. O salário médio pago pelo segmento é 46% maior que o praticado na economia como um todo. No primeiro trimestre deste ano, o valor médio auferido pelos trabalhadores do segmento era de R$ 4.500, ante R$ 3.100 no total da economia.

The Town, Bienal do Livro e Bienal de Artes são vitrines extraordinárias da economia criativa, que abarca um conjunto expressivo de atividades como moda, artesanato, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, softwares e jogos digitais, arquitetura e publicidade, entre outros campos de atividade.

Essa profusão de frentes de atuação tem o potencial de transformar a realidade do emprego e das oportunidades no país e precisa de políticas públicas para seguir avançando.

Uma das frentes que merece ser fortalecida é a das feiras e festas populares que, assim como os grandes eventos das capitais, têm a capacidade de atrair milhares de pessoas. Eventos como as festas juninas no Nordeste e feiras regionais podem ser multiplicados e têm o mérito de aprofundar a descentralização da riqueza da economia criativa.

Nesse contexto impactante, chegou o momento de a sociedade compreender a importância da cultura e das indústrias criativas para o país. Além de ajudar a movimentar a roda da economia, o segmento contribui decisivamente para construir nossa identidade, nossa diversidade e estimular o senso crítico individual e coletivo. Os ganhos são múltiplos. É nisso que que temos que nos concentrar.

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