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Sinal verde à faixa azul

Oportuno, corredor para moto será ampliado em SP; mais cidades deveriam fazê-lo

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Faixa exclusiva para motos na avenida 23 de Maio, em São Paulo - Bruno Santos - 8.ago.22/Folhapress - Folhapress

Na sua concepção original, o Código de Trânsito Brasileiro proibia motocicletas de circular entre as fileiras de carros. Mas, por ordem do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a norma foi vetada e liberou-se o chamado "corredor".

À época, a decisão dividiu especialistas —afinal, por questões de segurança, o desenho inicial determinava que as motos rodassem nas faixas, atrás dos demais veículos.

Com os corredores livres, o risco de acidentes cresceria consideravelmente; sem isso, entretanto, a agilidade das duas rodas, principalmente nos centros urbanos, seria afetada. Os obstáculos para fiscalizar eventuais infrações eram outro complicador.

Nos últimos 25 anos houve expansão vertiginosa da frota no país —empurrada por fatores como baixo custo de aquisição, economia de combustível e, mais recentemente, popularização dos serviços de entrega. O total de mortos em acidentes envolvendo motos acompanhou essa alta: subiu quase nove vezes desde o CTB.

Espremer-se entre os carros, por óbvio, ficou ainda mais perigoso. Na cidade de São Paulo, esses óbitos bateram recorde em 2022: 405, ou 36,4% a mais na comparação com 2019, antes da pandemia.

Ainda em fase de testes, as faixas exclusivas para motos, criadas pela gestão Ricardo Nunes (MDB), são um alento diante desse morticínio.

Pintadas de azul para delimitar a distância entre um carro e outro, as duas vias em operação completaram um ano e nove meses sem registrar óbitos desde o início da experiência. Nos dez anos anteriores, os trechos hoje sinalizados nas avenidas 23 de Maio e dos Bandeirantes somaram, respectivamente, 15 e 24 pessoas mortas.

É auspiciosa, pois, a liberação das faixas azuis por parte da Secretaria Nacional de Trânsito em mais dez avenidas —outras quatro tiveram a autorização renovada, mas ainda não estão em funcionamento.

Como o modelo não está previsto no Código de Trânsito, a Senatran é quem regula e analisa os resultados enviados pela prefeitura, cuja meta é ampliar os corredores para 200 km —hoje são 14,5 km.

A eficácia da iniciativa decerto exige mais observação, mas já atrai o interesse de outras cidades do pais. Políticas como essa devem obrigatoriamente vir acompanhadas de campanhas educativas, rígida fiscalização e, sobretudo, respeito às leis de trânsito —por motociclistas ou motoristas.

editoriais@grupofolha.com.br

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