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O risco Trump

Ex-presidente dos EUA mostra vigor eleitoral que ameaça democracia e geopolítica

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Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos - Sam Wolfe/Reuters

A possibilidade de Donald Trump voltar à Casa Branca no próximo ano é assustadoramente real. Pesquisa do New York Times e do Siena College mostrou que, se o pleito fosse hoje, o republicano venceria em 5 dos 6 "swing states" (estados-pêndulo) —os quais não têm preferência partidária consolidada e acabam decidindo a eleição no sistema americano .

Ressalve-se que sondagens feitas um ano antes da eleição devem ser vistas com cautela, já que estão contaminadas por eventos presentes que talvez não atuem com tanta intensidade mais à frente.

O forte apoio do presidente Joe Biden a Israel, por exemplo, lhe custou preciosos pontos em Michigan, estado com grande população de origem árabe. Mas, a menos que a guerra em Gaza escale para algo muito maior, esse fator pode não ser tão preponderante para o eleitorado em 2024.

O problema do democrata é que nem todos os elementos a pesar contra si são transitórios. Ele vem encontrando dificuldades para converter fatos positivos de sua gestão, notadamente na área econômica, em intenções de voto.

O etarismo parece contribuir para esse processo. Parte dos americanos se convenceu de que Biden, 80, está velho para o cargo e, por isso, não reconhece suas realizações.

Já Trump, somente três anos mais novo do que o adversário, é líder inconteste da ala mais radical dos republicanos. A probabilidade de que ele perca a indicação do partido para concorrer é quase nula, e o fato de responder a vários processos, inclusive por atentar contra a democracia, até agora não afastou seus eleitores.

Difícil afirmar, porém, que uma eventual condenação não abalará sua posição, principalmente entre os independentes, que têm papel relevante no resultado —nos EUA, a punição judicial por si só não inabilita o postulante a concorrer.

Seria má notícia para os EUA e para o mundo a volta de Trump, que conspirou duplamente contra a democracia, ao não reconhecer os resultados da eleição e insuflar apoiadores a invadir o Capitólio.

No cenário global, o momento é particularmente complexo, com uma escalada em conflitos bélicos que envolvem atores autocráticos, como Rússia e Irã, e a ascensão da China, uma nova potência econômica com apetites hegemônicos.

Se enfrentar tal contexto já é difícil em condições normais, fazê-lo com uma liderança irresponsável na Casa Branca é temerário.

editoriais@grupofolha.com.br

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