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Breno Altman

Quem irá parar a mão assassina de Israel?

Conquista de paz duradoura depende de forçar o sionismo a negociar

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Breno Altman

Jornalista e fundador do site Opera Mundi

O Estado sionista, sob pretexto de responder a ações armadas do Hamas, desencadeou novo massacre contra o povo palestino. Milhares de civis, especialmente mulheres e crianças, estão sendo triturados na Faixa de Gaza, em mais um capítulo da longa operação de limpeza étnica que se confunde com a própria existência de Israel.

Diante das práticas genocidas do governo Binyamin Netanyahu, a comunidade internacional está dividida e paralisada. Os EUA e seus vassalos europeus apoiam incondicionalmente o sionismo, deixando-o de mãos livres para a matança. Outras nações, incluindo o Brasil, buscam alguma solução humanitária, mas esbarram no sistema de vetos do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ainda que fosse aprovada alguma resolução de cessar-fogo, provavelmente seria insuficiente, embora importante. Os sionistas descumprem, desde 1948, todas as decisões contrárias a seus planos. Mesmo quando os Estados Unidos foram favoráveis a essas deliberações, jamais estiveram acompanhadas de medidas para impô-las a um regime fora da lei.

A situação atual não começou com os trágicos ataques do dia 7 de outubro. A condenada empreitada do Hamas foi uma reação a décadas de bloqueio e isolamento dos territórios ilegalmente ocupados, ao assassinato de milhares e milhares de civis, ao encarceramento em massa de palestinos, a uma segregação violenta e humilhante.

Não há uma guerra entre Israel e Hamas. Trata-se de simplificação rasteira e manipuladora. Essa síntese serve para reivindicar o direito sionista de autodefesa ou para apresentar o cenário como um duelo entre dois monstros. Ambas abordagens escondem a realidade.

O que está em curso é o confronto entre um Estado racista e colonial contra um povo que luta por sua libertação. Israel é irmão siamês da África do Sul do apartheid, ao se constituir, inclusive juridicamente, como um regime de supremacia étnico-religiosa, além de assaltar terras que jamais lhe pertenceram, delas expulsando seus genuínos cidadãos.

O massacre sobre Gaza é uma nova etapa no expansionismo sionista, com ares de solução final, como prova a extrema e desproporcional violência israelita. Somente poderá ter paradeiro se a comoção mundial se transformar em manifestações gigantescas, exigindo dos governos rupturas, boicotes e sanções contra um Estado criminoso.

Uma saída urgente e efetiva, contudo, dependeria que a rebelião anticolonial ganhasse mais corpo na Cisjordânia, chancelando a unidade palestina contra as forças de ocupação, e que outros atores se envolvessem militarmente. Isso seria possível, por exemplo, com a mobilização plena do Hezbollah, em aliança com Síria e Irã, sob o aval de Rússia e China.

O Estado de Israel cederá apenas se perder a atual superioridade no campo de batalha e temer pelo futuro, aprofundando a cisão em sua sociedade, com o isolamento da extrema direita e a derrubada do atual governo. Os Estados Unidos, acossados por uma escalada múltipla, poderiam ser obrigados a parar de financiar seu aliado e exigir o fim das agressões.

A conquista de uma paz justa e duradoura, com a formação do Estado palestino, depende de o sionismo ser encurralado em todas as frentes e ser forçado a negociar.

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