Descrição de chapéu Rússia Itamaraty

Guerras, Brasil e G20

Lula teme que conflitos geopolíticos ofusquem agenda da redução de desigualdades e do desenvolvimento sustentável

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Ricardo Della Coletta

Repórter em Brasília

Brasília

Próximo presidente do G20, o governo Lula tem se preocupado há meses sobre como escapar da armadilha que afetou as duas últimas presidências do grupo: Indonésia e Índia.

Em ambos os casos, a invasão da Ucrânia pela Rússia contaminou praticamente todas as reuniões de trabalho do fórum das maiores economias do mundo. Documentos de consenso passaram a ser quase impossíveis, uma vez que o Ocidente exigia que os textos condenassem a agressão de Moscou —algo que os russos vetavam. Nas últimas cúpulas de líderes, os comunicados finais ficaram ameaçados e só foram acordados na última hora.

O presidente Lula, o presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitam o memorial Raj Ghat com outros líderes do G20, em Nova Déli, na Índia - Kenny Holston - 10.set.23/Reuteres - via REUTERS

O Itamaraty e a Fazenda consideram o G20 um agrupamento voltado para a economia e sempre criticaram o que encaram como politização excessiva do fórum a partir da crise na Ucrânia.

Mas até mesmo os mais otimistas no governo reconhecem há meses que será difícil conduzir as dezenas de reuniões temáticas do G20 sem esbarrar no mesmo problema: o impasse sobre um conflito geopolítico com potencial de ofuscar a agenda que o país na presidência almeja avançar. No caso do Brasil, redução das desigualdades e desenvolvimento sustentável.

A guerra entre Israel e a organização terrorista Hamas coloca uma nova questão diante do G20 e do seu presidente em 2024. O grupo vai trazer para dentro das discussões um conflito israelo-palestino de proporções não vistas há décadas, com risco de extrapolar para outros atores do Oriente Médio? Ou o G20 vai tentar ignorar a crise e recuperar o caráter de coordenação econômica que está na sua origem?

A resposta para essa pergunta depende antes de tudo da evolução dos acontecimentos no terreno.

Se a guerra penetrar o G20, caberá ao Brasil navegar entre as por vezes inconciliáveis posições dos membros para tentar evitar que o conflito no Oriente Médio se converta no novo bloqueio geopolítico do fórum.

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