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Atenção ao celular

Aplicativo que bloqueia aparelhos é passo inicial para reprimir furtos e roubos

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Mão segura celular com a tela do aplicativo Celular Seguro. Logan são três pinceladas com as cores do Brasil: em ordem, azul, amarelo e verde.
O novo aplicativo do Ministério da Justiça e Segurança Pública para bloquear smartphones extraviados chama-se Celular Seguro - Reprodução/Governo Federal - Reprodução/Governo Federal

Em um país onde 1 milhão de telefones celulares foram roubados ou furtados no ano passado, é bem-vinda a iniciativa do governo federal de criar um aplicativo que promete aos proprietários inutilizar aparelhos extraviados em até 24 horas, inclusive em caso de perda.

Lançado no último dia 19, o programa Celular Seguro permite que o dono do smartphone ou pessoas de confiança previamente cadastradas possam acionar pela internet, de forma mais célere, o bloqueio da linha telefônica, de aplicativos de bancos e compras e de novos acessos aos dispositivos.

O modelo recebeu a adesão de boa parte do sistema bancário, empresas de telefonia e plataformas digitais. As mídias sociais, segundo o Ministério da Justiça, só devem participar em uma segunda etapa.

Até quarta (27), diz a pasta, 580 mil pessoas estavam registradas e 4.349 celulares já haviam sido bloqueados —72% por roubo ou furto.

É prematuro, por óbvio, imaginar que o programa reduzirá a atratividade desse tipo de delito. Muito menos que transformará os telefones roubados "num pedaço de metal inútil", como alardeou o secretário-executivo Ricardo Capelli.

Trata-se, isso sim, de um primeiro passo para tentar frear uma epidemia que se alastrou pelos centros urbanos nos últimos anos, também por efeito do advento do Pix, e que independe de estrato social.

O interesse dos ladrões não se limita ao valor do aparelho, mas também ao seu conteúdo virtual. No chamado "golpe do limpa tudo", criminosos descobrem senhas e fazem transações para levar todo o dinheiro da vítima —que precisa agir rápido para apagar dados bancários e similares.

Na cidade de São Paulo, epicentro nacional da atividade ilícita, o crime organizado cumpre todas as etapas: nas ruas, um grupo furta ou rouba; "técnicos" desbloqueiam senhas e fazem transferências; a quadrilha, por fim, "exporta" os aparelhos, geralmente os mais sofisticados, para países da África, onde são recomercializados.

Apenas a maturação do "Celular Seguro" poderá apontar qual o seu real alcance —a agilidade nos bloqueios, com a Anatel e parceiros, será crucial. Ao mesmo tempo, é dever das forças de segurança coibir com veemência sobretudo os esquemas mais profissionais, em larga escala, de roubos e furtos.

Quanto aos donos, resta remediar: o uso cuidadoso, sob alerta permanente, ainda é a melhor proteção num ambiente ainda inseguro.

editoriais@grupofolha.com.br

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