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O que a Folha pensa indústria

Abertura do país à competição externa já

Protecionismo defendido pelo PT impõe produtos defasados e caros ao consumidor; exemplo a seguir é o do agronegócio

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Linha de produção de fábrica de carros elétricos em Zouping (China) - AFP

Enquanto a Comissão Europeia discute tarifas adicionais sobre a importação de carros elétricos chineses, soa corajosa a manifestação do principal executivo da montadora alemã Mercedes Benz.

Ola Källenius disse ao jornal britânico Financial Times que o caminho deveria ser o inverso. "Não elevem as tarifas, reduzam-nas", pois a melhor forma de lidar com a competição asiática é confrontá-la com "produtos melhores, tecnologia melhor, maior agilidade. Deixar a competição acontecer".

O debate europeu, sobre majorar um imposto de importação hoje fixado em 10%, parece uma amostra irrisória de protecionismo se comparado à situação brasileira.

Tão logo assumiu, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não só deu cabo da isenção tarifária para a importação de carros elétricos como estipulou uma cavalgada aduaneira que elevará essa barreira, escalonadamente, para 35% —o gravame típico para importar veículos no Brasil— em julho de 2026.

Bloqueia-se o acesso do consumidor brasileiro à via mais rápida e menos onerosa de modernização e descarbonização da frota.

Pior, elimina-se a competição externa e reforça-se o estímulo à baixa produtividade e à produção de bens de qualidade inferior à do mercado internacional.

Essa é, na essência, a proposta do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que vigora como medida provisória desde dezembro do ano passado. A iniciativa promete presentear as montadoras com R$ 19 bilhões em abatimentos tributários até 2028.

Trata-se de um rótulo novo para um remédio antigo e comprovadamente ineficaz. A mentalidade da clausura, da "autonomia" industrial, permeia a política econômica brasileira há muitas décadas e tem no PT um intérprete obsequioso.

Submete-se o consumidor a produtos tecnologicamente defasados e caros em troca de lorotas a respeito de um desenvolvimento local que nunca acontece, como o provam reiteradas reedições dos programas protecionistas.

As tarifas brasileiras para importar máquinas são quatro vezes a média mundial. As para trazer manufaturas de fora, duas vezes. O Brasil é dos mais longevos campeões do protecionismo global, mas sua produtividade está estagnada há mais de quatro décadas.

O exemplo a seguir deveria ser o do agronegócio e da aviação: investir em capacitação humana e técnica e na adaptação às cadeias globais de produção. Abrir a economia ao choque competitivo externo.

É o melhor incentivo à produtividade. Foi a abertura dos mercados que levou China e outros asiáticos ao aumento da renda que tirou milhões de pessoas da pobreza.

Chega de locupletar meia dúzia de lobbies com dinheiro do contribuinte a pretexto de substituir importações. Chega de privar a sociedade de beneficiar-se da revolução tecnológica em curso no mundo.
É preciso abrir a economia brasileira, não fechá-la ainda mais como deseja o pensamento petista.

editoriais@grupofolha.com.br

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