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O que a Folha pensa Banco Central

Alta do crédito público precisa ser passageira

Por ora, maior participação de bancos estatais pode ser atribuída aos juros; Lula deve conter pendores intervencionistas

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Fachada do prédio da Caixa Econômica Federal, em Brasília (DF) - Antonio Molina/Folhapress

Desde o início de 2023, os bancos públicos voltaram a aumentar sua participação na concessão de crédito para famílias e empresas. Com alta de 0,9 ponto percentual nos últimos 12 meses, a fatia de mercado dessas instituições atingiu 43,3%, na primeira alta desde 2016 e ainda bem abaixo do pico atingido naquele período (56,5%).

O avanço suscita o compreensível temor de uma reedição do malogrado experimento intervencionista de administrações petistas anteriores, ainda que seja cedo para considerar que tal dinâmica seja uma tendência ou que já resulte de uma orientação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O mais provável, por ora, é que a ampliação seja resultado da evolução natural do mercado de crédito.
Com a taxa de juros ainda em nível alto, de 11,25% ao ano, houve crescimento ante janeiro de 2023 de apenas 4,6% no saldo de crédito livre, segmento em que as instituições privadas tem maior participação. O financiamento para empresas ficou estagnado, enquanto as famílias receberam 8,1% a mais.

De outro lado, o crédito direcionado com taxas controladas é menos sensível aos ciclos de política monetária, com foco na construção civil e na agropecuária. Nesse corte, a alta dos saldos foi maior, de 12% no período. São áreas em que instituições como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal têm presença maior.

É preocupante, de todo modo, que as instituições financeiras estatais tenham impulsionado no ano passado um salto de 142% dos financiamentos internos a governos estaduais e municipais, que chegaram a R$ 43 bilhões.

Cumpre observar, ainda, como se dará a desejada duplicação dos desembolsos anuais do BNDES, de 1% para 2% do Produto Interno Bruto. A meta pode estar longe dos 4% alcançados no segundo governo Lula, mas não é segredo que o banco de fomento opera com concepções intervencionistas.

Espera-se que mais à frente haja expansão do crédito privado, à medida que o Banco Central corte sua taxa. Há sinais, além disso, de estabilização ou alguma retração da inadimplência, normalmente um prenúncio de retomada.

No período seguinte ao colapso econômico sob Dilma Rousseff (PT), a perda de participação dos bancos públicos no mercado de crédito não significou contração de recursos para a economia —foi mais que compensada pela maior atividade do mercado de capitais. Preservar esse vigor é essencial.

Não deve haver ansiedade demasiada do Planalto, portanto. Mais importante é trabalhar para que os juros sejam os menores possíveis. O foco deveria ser a gestão austera do Orçamento, o que a esta altura significa controle de gastos.

editoriais@grupofolha.com.br

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