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O que a Folha pensa PIB

Com queda do juro, PIB pode retomar expansão

Economia ficou estagnada na segunda metade de 2023, mas tende a reagir; governo ajudará se reforçar controle dos gastos

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Maquina agrícola usada em fazenda de milho, em Maringá (PR) - Rodolfo Buhrer/Reuters

Com estabilidade no quarto trimestre, a economia brasileira fechou o ano passado com crescimento de 2,9%, um resultado próximo das projeções mais recentes —e bem superior às iniciais.

A perspectiva para este 2024 é moderadamente positiva, com aceleração esperada nos próximos meses conforme avancem os cortes dos juros do Banco Central, mas há desafios pela frente.

Houve avanço de 1,28% na indústria, concentrado no setor extrativo e na construção civil, ambos com alta superior a 4% no trimestre. Em 2023, os dois setores subiram 8,7% e 6,5%, respectivamente, um bom desempenho.

Em contrapartida, a indústria de transformação teve queda de 0,2% no trimestre e de 1,3% no ano, num quadro de prostração que já vem de muitos anos e não será revertido no curto prazo. A conclusão da reforma dos impostos sobre bens e serviços é a ferramenta mais poderosa para restaurar a competitividade do setor no futuro próximo.

Os serviços continuaram em evolução paulatina, de 0,3% no último trimestre e 4,3% no ano. Aqui a ampliação da renda, em parte impulsionada pelos programas sociais, foi um esteio importante.

A agricultura, por fim, caiu 5,3% entre outubro e dezembro, mas teve expansão forte em 2023, de 15,1%, com o grande aumento da safra.

Na perspectiva da demanda, o sinal positivo foi o crescimento trimestral de 0,9% do investimento, o primeiro após três quedas sucessivas. Dado o incremento da construção, intui-se que aportes nesse setor e na infraestrutura foram determinantes, com o alto número de projetos em andamento.

Depois de muito tempo em expansão, houve pequena piora do consumo das famílias —que parece pontual, no entanto.

Tudo considerado, a expectativa da mediana dos analistas pesquisados pelo Banco Central de uma alta do Produto Interno Bruto de 1,75% neste ano é realista. Nela está embutida previsão de que a economia, estagnada na segunda metade de 2023, passará por recuperação ao longo deste 2024.

O menor crescimento projetado ante no ano passado pode não configurar piora, uma vez que boa parte das boas notícias em 2023 veio da agricultura, ao passo que agora se espera um desempenho positivo mais generalizado.

Esse deve ser o curso natural conforme caia a taxa básica de juros, que deve chegar a 9,5% anuais ou menos até meados do ano. Em tese, trata-se de um quadro favorável para consumo e investimentos.

O que o governo pode fazer é não atrapalhar a redução dos juros e, idealmente, viabilizar quedas maiores. O melhor é reforçar a disciplina no Orçamento e conter a escalada da dívida pública.

editoriais@grupofolha.com.br

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